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Morre Pierre Barouh, o ‘embaixador’ da música brasileira

Ator e cantor, ele compôs ‘Samba Saravah’ com Baden Powell, inserido na trilha de ‘Um Homem e uma Mulher’, filme que ganhou Palma de Ouro em Cannes há 50 anos

Foto do author Antonio Gonçalves Filho
Por Antonio Gonçalves Filho
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Mais conhecido por sua participação no filme Um Homem e Uma Mulher, de Claude Lelouch, ganhador da Palma de Ouro em Cannes há 50 anos, o ator, cantor e compositor francês Pierre Barouh morreu hoje, 28, em Paris, aos 82 anos, de insuficiência cardíaca, após cinco dias de internação hospitalar, segundo informou sua mulher Atsuko Ushioda. Barouh, que atuou e compôs alguns temas usados na trilha de Um Homem e Uma Mulher, tendo como coautor Francis Lai, era considerado uma espécie de embaixador da música brasileira na Europa. Entre esses temas, destaca-se Samba Saravah (ou Samba da Benção), em parceria com o violonista e compositor Baden Powell, em que presta homenagem a vários músicos brasileiros, de Pixinguinha a Vinicius de Moraes.

Barouh em foto de 2008: parceiro de Baden Powell em 'Samba da Benção' Foto: AFP PHOTO / STEPHANE DE SAKUTIN

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Sua relação com o Brasil começou na juventude, quando Barouh, filho de judeus e morador do subúrbio parisiense de Levallois Perret, veio ao país nos anos 1960 com um time de voleibol, tornando-se amigo de compositores que criaram a bossa nova, entre eles Tom Jobim. Na volta, Barouh começou a compor, tendo como intérpretes grandes nomes da canção francesa, como Yves Montand, Françoise Hardy e Nicolle Croisille, sua parceira nas canções do filme Um Homem e uma Mulher (A l'ombre de Nous e Plus Fort que Nous, entre elas).

No filme, Barouh interpreta um dublê de perigosas cenas de ação, que morre durante uma filmagem. Sua mulher (Anouk Aimée), após sua morte, conhece um piloto de corrida e inicia com ele um romance. Na época, Barouh e Anouk eram casados na vida real. Ela continuou a carreira de atriz e ele só esporadicamente aparecia nas telas. Fundou o selo Saravah e lançou discos de músicos de países africanos, entre eles Pierre Adekengué, um dos precursores da world music, além de ter promovido compositores brasileiros como o percussionista Naná Vasconcelos.

Barouh também dirigiu um documentário sobre os primórdios da bossa nova, Saravah, em 1972, além de outros três filmes. Ele trabalhou como ator em 20 deles, o último em 2010, Le Marais Criminels. Sua última parceria com Lelouch foi em 2005, no filme A Coragem de Amar

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