Morre o violonista Paulinho Nogueira

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O compositor Paulinho Nogueira, autor dos clássicos Menina e Menino, Desce Daí, morreu na manhã deste sábado, às 11 horas, de enfarte, em sua casa, em São Paulo. Ele completaria 74 anos em 8 de outubro desse ano e havia gravado seu último disco, Chico Buarque - Primeiras Composições, no ano passado. Era o 26º de uma carreira que começou em 1952, como violonista da noite e das rádios Bandeirantes e Gazeta, de São Paulo. O sucesso de Paulo Mendes Pupo Nogueira viria dez anos depois, com Menino, Desce Daí, cantada por ele mesmo. Tornou-se também solista requisitado e, embora tivesse boa voz, poucas vezes conjugou-a com violão. Mas como instrumentista era arrojado, apesar de ter contado ao Estado, em 2000, quando lançou seu penúltimo disco, que nada em sua carreira havia sido planejado. "Desde que comecei a tocar, quase moleque, me encantei pela coisa e me destaquei como solista", contou com modéstia. "Foi paixão à primeira vista." Quando veio a Bossa Nova, no fim dos anos 50 e início dos 60, ele quase foi relegado aos bastidores porque foi considerado do "tempo antigo". Salvou-o Tom Jobim, que o nomeou precursor do novo estilo, título do qual ele fazia pouco. Preferia passar a honra à geração anterior, como o violonista Garoto e o maestro e arranjador Radamés Gnatalli. Mesmo assim, quando a TV Record criou o programa O Fino da Bossa, conduzido por Elis Regina e Jair Rodrigues, que apresentavam os grandes nomes da Bossa Nova, ele era atração constante. Além de instrumentista habilidoso e emocionante, com um estilo econômico que o aproximava do piano de Tom Jobim, Paulinho Nogueira era inventivo e generoso. No fim dos anos 60, inventou a craviola, um violão com 12 cordas cujo som tinha também timbres de cravo. Anos antes, havia começado a lecionar violão e foi um professor requisitado, pois não se furtava a ensinar seus segredos aos mais novos. Fez isso inclusive num método de violão, que até hoje é considerado um dos melhores para músicos profissionais e amadores. Entre seus alunos, estava o violonista Toquinho, que o fez parceiro de Vinícius de Moraes. A história virou lenda na música brasileira. Já nos anos 70, Nogueira mostrou ao ex-aluno um choro que havia feito muito antes, ainda nos ano 40. Lembrava-se da primeira parte, mas esquecera a segunda e Toquinho pediu-lhe para criar uma nova. Na época, ele viajava todo o País lotando shows com Vinícius de Moraes e, ao reencontrar o antigo mestre, mostrou-se Choro Chorado para Paulinho, que levou a assinatura dos três. No fim dos anos 90, os dois voltariam a gravar juntos. No decorrer de sua carreira, fez tanto discos exclusivamente com músicas suas quanto dedicados a seus admiradores, como Tom Jobim, Chico Buarque e Toquinho. Paulinho Nogueira nasceu em Campinas e morava em São Paulo. Seu enterro está marcado para este domingo, às 14 horas, no cemitério do Morumbi.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.