Morre aos 83 a cantora lírica Fedora Barbieri

Uma das maiores cantoras italianas do século 20, Fedora alcançou fama em grandes papéis para meio-soprano, como Santuzza, Dalila, Amneris Eboli ou Carmen

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Por Agencia Estado
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Fedora Barbieri gostava de citar uma frase que certa vez lhe disse o maestro Arturo Toscanini: "O canto é a palavra esculpida em bronze." Com sua morte, ontem, em Florença, aos 83 anos, o mundo da ópera perde mais uma representante daquela grande geração de cantores italianos que, como ela, viam no canto, antes de tudo, um privilegiado modo de expressão do sentimento humano. Nascida em Trieste em 1920, Fedora alcançou a fama ao interpretar, ao lado de estrelas como Maria Callas, Beniamino Gigli, Toscanini ou Claudio Abbado, grandes papéis para meio-soprano como Santuzza, Dalila, Amneris Eboli ou Carmen. No entanto, seu trabalho nunca esteve limitado ao repertório tradicional, tendo ela participado de montagens de óperas de contemporâneos como Wolf-Ferrari e Pizzetti. Como ela contou à reportagem do Estado no ano passado, quando esteve no País para uma concerto em sua homenagem, foi por acidente que começou a cantar, levada a um maestro de canto por uma vizinha que a ouvia diariamente cantarolando pela casa. Em pouco tempo, passou a estudar com o grande Luigi Toffoli e, mais tarde, com Giulia Tess. Nesse meio tempo, fazia sua estréia no Maggio Musicale, em Florença, e em teatros como o Scala de Milão. Dona de um timbre inconfundível, um talento natural de atriz tanto para a comédia como para o drama, Fedora era conhecida por seu temperamento forte e pela visão esclarecida dos caminhos tomados pelo mundo da ópera. "Os jovens de hoje são pretensiosos demais, não estudam. Para cantar é preciso muito estudo e humildade para reconhecer suas limitações e ir atrás de maneiras de contorná-las. É simples, mas hoje ninguém faz isso. São todos estrelas, que acabam destruindo as próprias vozes."

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