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Montserrat Caballè lança filme no Midem

Soprano espanhola apresentou o documentário Caballè Beyond Music, que narra sua trajetória dentro e fora dos palcos

Por Agencia Estado
Atualização:

A soprano espanhola Montserrat Caballè escolheu o Palácio dos Festivais, sede do Midem, em Cannes, para realizar a pré-estréia do documentário Caballè Beyond Music, que traça panorama de sua vida nos palcos e diz alguma coisa de sua vida particular, usando imagens novas e de arquivo. A diva esteve hoje cedo no Palácio, ao lado do tenor, seu conterrâneo, Jose Cura. Ele aparece no filme, cantando com ela. Aparecem também o falecido cantor pop Freddy Mercury, o maestro Zubin Mehta, a bailarina Maya Plisteskaya, o tenor Placido Domingo. O Midem - Mercado Internacional da Música - está em sua 37ª edição. É a maior feira de negócios de música do mundo. Abriga a diversidade da produção internacional. O Brasil é o país-tema desta edição 2003 da feira e o show de abertura, a noite de gala, no domingo, foi feito por artistas brasileiros. Neste ano, nenhum superastro da grande indústria, mas nomes pouco conhecidos mesmo no Brasil, como o grupo de percussão vocal Barbatuques ou a dupla eletropop Veiga & Salazar, todos contratados por selos independentes. O ministro da Cultura, Gilberto Gil, prestigiou a participação dos artistas novos brasileiros. Veio a Cannes, participou da primeira entrevista coletiva da feira, na manhã do domingo, encontrou-se com o ministro francês da Cultura, Jean-Jacques Aillagon, e com o diretor da Radio França Internacional (RFI), para falar de intercâmbio. O diretor do escritório brasileiro da RFI, Bruno Boulay, organizou, para distribuição aos participantes da feira, um Guia da Indústria Brasileira da Música ("Guide to the Brazilian Music Industry"), com endereços de organismos brasileiros públicos e privados ligados à importação e exportação; de institutos e organizações culturais; de sociedades de direitos autorais, editoras; de gravadoras independentes - e assim por diante. "É uma maneira de facilitar o acesso de produtores, donos de gravadoras ou licenciadores de direitos autorais internacionais à produção brasileira", explicou Boulay. Não existia nada desse tipo, antes. A edição do Guia tem apoio do Ministério da Cultura. O interesse internacional pela música brasileira sempre foi muito grande e sempre foi controlado pelas multinacionais do disco. Mas, ao longo dos anos 90, com as novas tecnologias de gravação, relativamente baratas e que garantem qualidade do resultado final, surgiu, no Brasil como no mundo, outro tipo de produção, independente das multinacionais. São pequenas gravadoras ou selos pertencentes aos próprios artistas. O Midem, desde a última década, tornou-se o principal fórum de negócios e debates dessa produção. Uma das pautas principais do Midem 2003 é, como não poderia deixar de ser, a pirataria. A atividade pirata afeta mais as grandes gravadoras, que lidam com números milionários, do que os pequenos selos, mais modestos. Todos os dias, ao longo da feira, há mesas de discussão sobre o prejuízo da indústria com a atividade pirata e as maneiras de combater essa atividade. Há sempre polêmica. Presente ao Midem, o astro pop britânico Robbie Williams, o maior vendedor de discos da Europa, no momento, disse, em entrevista: "Não há nada que alguém possa fazer a respeito. A pirataria é um fato e a indústria vai ter de conviver com ela. E impossível contê-la. Mas as gravadoras não perdem tanto dinheiro assim. Garanto que a EMI já reembolsou, com muito lucro, o investimento feito no meu último disco." Ele se refere a Escapology, álbum lançado em novembro, pelo qual recebeu, como adiantamento, US$ 130 mil - pouco dinheiro em comparação ao investimento na produção e divulgação do trabalho. Mas quando um ídolo pop diz que não há para combater a pirataria, de certa forma libera seus admiradores para comprar discos piratas. A reação da indústria veio de imediato. Peter Jamieson, diretor da empresa que representa o mundo do disco na Inglaterra (o British Fhonographic Industry) contra-atacou: "Robbie é um artista e talvez alimente mentalidade de Robin Hood sobre o assunto. Mas ele se esquece do trabalho duro da EMI para recuperar o dinheiro investido em seus discos." O diretor do IFPI, organização internacional antipirataria, tida como a mais poderosa das organizações do tipo, o executivo inglês Jay Berman, em outra entrevista, disse que está muito enganado quem pensa que a internet vai matar a indústria fonográfica. "Pelo contrário, neste ano a IFPI, em nome da indústria, vai investir na internet para ajudar a promover serviços novos e legítimos e combater os clandestinos." E reclamou que o Reino Unido precisa de leis mais rígidas para combater os piratas. Outra questão, como se vê, internacional. A discussão continua amanhã, último dia do Midem 2003. O repórter viajou a convite do festival

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