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Moby repete fórmula de "Play" em novo disco

As músicas de 18 são inspiradas e têm tudo para dominar as pistas, mas o álbum não tem o mesmo impacto daquele que há três anos renovou a música eletrônica

Por Agencia Estado
Atualização:

Moby está de volta ao mercado com o disco 18, que aposta na mesma fórmula de Play, o álbum de 1999 que transformou o músico, com quase uma década de atraso, em astro pop internacional. Há pelo menos dois motivos que "liberam" o produtor a adotar a técnica de continuar no mesmo território musical. Desde que passou a ser notado no mercado eletrônico underground, ele experimentou com inúmeras vertentes e gêneros (em geral com sucesso). O outro motivo é que as faixas do disco podem não ser inovadoras - mas são músicas inspiradas, sofisticadas e cheias de emoção. Criar as faixas de 18 foi o maior desafio da carreira de Moby. Em Play, ele não só renovou a sonoridade eletrônica com manipulações inteligentes de beats eletrônicos, como levou a arte do sampler para outros níveis descobrindo vocais perdidos da folk music do início do século. O novo disco não tem esse caráter e, às vezes, sem chegar a soar datado, remete ao ótimo início de carreira dele. No ensaio que acompanha o disco, Moby conta que chegou a gravar cerca de 140 músicas no último ano e pede para que as pessoas ouçam o disco do começo ao fim, na ordem certa, pelo menos uma vez. O conselho faz sentido, já que as 18 faixas de 18, em vários momentos, são mixadas, ou, pelo menos parecem continuações umas das outras. O álbum começa com a psicodélica We Are All Made of Stars, que não tem muito a ver com a sonoridade que aparece no resto do trabalho. Com guitarras que remetem aos anos 80, tem Moby nos vocais e deve ganhar mais chances no rádio e na MTV do que nas pistas. A segunda, In This World, já carrega a marca registrada do artista: começa com o vocal gritado de uma cantora negra repetindo apenas uma frase, segue com cordas, ganha o tempero de um piano e, finalmente, dos beats. Mais adiante, o destaque é a dobradinha One of These Mornings e Another Woman, mais rápidas e menos melancólicas. Esta última é forte candidata a melhor faixa do disco. Na metade do álbum, há uma quebrada de humor, com as faixas Extreme Ways (novamente com Moby nos vocais e algum tempero dos anos 80) e Jam for the Ladies (um hip hop com Angie Stone e Mc Lyte). Segue uma série de faixas mais lentas, incluindo a instrumental 18 e At Least We Tried, com vocais de Freedom Bremmer. Harbour mostra que Sinéad O´Connor tem talento de sobra e que só precisa de melhores companhias (a boa notícia para os fãs é que ela gravou recentemente com o Massive Attack). Na fase final, The Rafters só não afunda no desinteresse do big beat porque Moby é um ótimo compositor de harmonias. A sensação esquisita é apagada com a música que encerra o disco, I´m Not Worried At All, um lindo e melancólico gospel com vocais do Shining Light Choir. Se 18 não tem o impacto de Play, que pode ser considerado um marco da cultura pop, serve para animar pistas e com trilha sonora para o dia-a-dia com muita dignidade. E tem também o mérito de ser um dos primeiros bons discos a despertar nostagia do início dos anos 90 - época em que Moby chacoalhou tudo com Go e Sinéad O´Connor apareceu com .

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