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Misfits comandam tributo a Joey Ramone em SP

Por Agencia Estado
Atualização:

A nação punk toma o Directv Music Hall, em Moema, na noite deste sábado para homenagear o cidadão nova-iorquino Jeffrey Hyman (1951-2001), que ficou mais conhecido como Joey Ramone. São integrantes de três bandas no palco. Os anfitriões são os Misfits, comemorando 25 anos de palco. Dos Ramones, comparece o baterista Marky Ramone, no grupo desde 1978. Da banda Black Flag (de Henry Rollins) vêm os músicos Robo e Dez. "A última vez que toquei com Joey foi num show natalino no Continental, em Nova York", lembrou Marky Ramone em entrevista, por telefone, de Nova York. "Nós convidamos bandas da vizinhança e fizemos um belo show, uma grande noitada", contou. Segundo Marky, havia planos, naquela ocasião, de um novo álbum dos Ramones, que incluiria integrantes do grupo original e diversos convidados. A morte de Joey e a debandada dos remanescentes, como Dee Dee Ramone, abortou o projeto. As turnês comemorativas estão pipocando pelos Estados Unidos desde maio, quando a mãe de Joey, Charlotte, organizou o tributo Life´s A Gas Joey Ramone´s Birthday Bash, que contou com grupos como Blondie, Cheap Trick, the Misfits e Cramps, no Hammerstein Ballroom. Foi no dia em que Joey comemoria 50 anos, 19 de maio. "Eu acho que a vida continua, mesmo quando um cara da banda parte", diz Marky, acrescentando que fez um álbum-solo com participação de Joey anos atrás e foi um "grande" disco, embora não integrasse a linha evolutiva do som dos Ramones. "A idéia aqui agora é homenagear Joey, tocando as coisas que ele gostava, mostrando que o punk rock continua vivo", afirma. Marky não acha especialmente relevante a história de comemorar 25 anos de punk rock. "Os Ramones já tocavam em 1974, o que daria 27 anos, embora só tenham gravado o primeiro álbum de estúdio em 1976", diz. "Eu tenho orgulho de ter pertencido a essa banda", discursa o baterista. "Punk é uma grande forma musical, baseada principalmente na atitude e num som rápido, simples, direto", falou, acrescentando que entre suas músicas preferidas desse ideário sonoro estão Rock´n´Roll High School e I Wanna Be Sedated. Velho conhecido do público brasileiro, Marky é muito querido pelos fãs dos Ramones em São Paulo, principalmente por causa de sua atitude desglamurizada, camarada. Ele tocou com os Raimundos e não se furtou a comentar a dissolução da banda, que admira - tem até uma foto no seu site na Internet ao lado de Rodolfo, o vocalista. "Os Raimundos eram seguidores dos Ramones e uma boa banda, mas eu acho que, quando algo muda, está na hora de parar mesmo", afirmou. Ele disse também que não é refratário à idéia de um punk rock cristão. "Se isso pode conectar a pessoa à sua alma, se o cara realmente acredita nisso, por que não?". Sua turnê com os Misfits e com Dez, do Black Flag, tem percorrido os Estados Unidos. "Outro dia, estávamos tocando numa temperatura de 10 graus negativos em pleno Meio Oeste e nos divertindo um bocado", afirmou o baterista, que trabalha em dois novos álbuns - um deles com participação de bandas como Green Day e The Killing Babies e no outro, veteranos como Johnny Pisano. A banda mais sólida de Marky Ramone, atualmente, chama-se The Intruders. O primeiro disco do grupo, Don´t Blame Me, saiu em 1999 e traz, entre outras pérolas, uma versão pós-punk matadora de Nowhere Man, de John Lennon e Paul McCartney. "Eu não me importa com a História" - Rock´n´Roll High School, de 1979. "Porque não é onde eu quero estar." Os Ramones nunca conheceram o sucesso em sua terra natal. Mas eram venerados por um grupo de fãs de devoção quase religiosa. Joey Ramone resistiu até o fim à idéia de uma música de grande produção, vinculada a uma idéia industrial, massiva. "Basicamente, éramos amigos que viviam na mesma vizinhança, um grupo de vagabundos que compartilhavam os mesmos gostos musicais", disse o músico recentemente. Joey e o guitarrista Johnny eram os compositores da maioria das canções da banda. Que quase é abortada no seu início, por absoluta falta de intimidade dos músicos com seus instrumentos. Em 1974, Joey tentou ser o batera do grupo, mas levou duas horas só para acomodar-se em seu kit. O guitarrista Dee Dee não sabia tocar mais do que uma corda. "Tentamos tocar canções dos Bay City Rollers e não conseguimos de jeito nenhum", disse Dee Dee em entrevista no livro Mate-me Por Favor (Please Kill Me). Felizmente, Joey foi transferido da bateria para os vocais, um novo baterista foi contatado e dois anos depois a banda estreou com um disco gravado por suados US$ 6 mil. Em 22 anos, lançaram 13 discos até a separação definitiva, em 1996. Na despedida, logo depois de lançarem Adios Amigos, deram um concerto com convidados do porte de Eddie Vedder, do Pearl Jam, e Chris Cornell, do Soundgarden. Misfits. Sábado, às 22 horas. R$ 40,00 e R$ 60,00. Directv Music Hall. Avenida dos Jamaris, 213, tel. 5643-2500. Patrocínio: Volkswagen.

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