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MIS exibe o inédito 'I'm Now: The Story of Mudhoney'

Trajetória da banda pioneira do grunge é contada no documentário de Ryan Short e Adam Peas

Por Jotabê Medeiros
Atualização:

“Toda vez que você estiver tocando música para si mesmo em vez de para a galera, você estará ferrado”, diz Mark Arm, vocalista da mais pioneira das bandas do grunge, o Mudhoney. Já tem 25 anos que o Mudhoney segue à risca esse preceito, e isso não os levou aos píncaros da glória, muito pelo contrário - o cantor, por exemplo, trabalha no departamento de entregas da gravadora Sub Pop até hoje.

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A trajetória dessa tour de force do Mudhoney está sendo contada na noite desta quinta-feira, 20, na estreia nacional do documentário I’m Now: The Story of Mudhoney, dos cineastas Ryan Short e Adam Pease. Será uma sessão gratuita exclusiva dentro do Music Video Festival, no Museu da Imagem e do Som, às 19 horas. A festa terá DJ set de Chuck Hipolitho, apresentador da MTV, e de Zé Antonio Algodoal, líder do grupo paulistano Pin-Ups. As senhas serão distribuídas uma hora antes do evento, e cabem 170 pessoas no local.

“A expressão grunge surgiu devido ao som das guitarras, que era meio sujo. Meu jeito de cantar também não era propriamente bonito”, contou Mark Arm na terça-feira, em entrevista ao Estado, por telefone, de Seattle, de onde o grunge se espraiou e ganhou o mundo. “Não me importo realmente com esse rótulo. Nós na verdade só tocávamos punk rock”, disse o músico que cunhou o nome “grunge” em um fanzine, e que hoje está com 50 anos.

Ele disse que o documentário aborda de forma íntegra e completa a saga do Mudhoney e que não sentiu falta de nada. Mas conta que há uma biografia a caminho, que eventualmente pode preencher alguma lacuna. “Ryan e Adam (diretores do documentário) fizeram um belo trabalho. Está tudo lá, foi um negócio de fôlego”, contou.

O filme mostra a história das principais bandas do que alguns convencionaram chamar de “movimento grunge” (embora nunca tenha tido escopo de movimento), com depoimentos de amigos, veteranos da indústria fonográfica e músicos hoje famosos e ricos, como Stone Gossard e Jeff Ament do Pearl Jam, Thurston Moore e Kim Gordon do Sonic Youth, Kim Thayil do Soundgarden e os integrantes do Mudhoney, especialmente Arm, que fundou o grupo quando ainda não sabiam tocar nenhum instrumento. Há imagens raras, incluindo cenas do famoso festival Lamefest, de 1988, no qual Mudhoney e Nirvana eram atrações.

“Meu pai não era da música, era militar. Passou 20 anos no Exército. Éramos uma família pobre do Kansas que tinha um fusca. Minha mãe tinha sido cantora de ópera, mas virou apenas uma dona de casa”, conta o vocalista.

No colégio, Mark teve a ideia de montar uma banda, embora não soubesse bem o que seria. Deu ao “grupo” o nome de Mr. Epp and the Calculations, que era o nome de um professor de matemática que tinham. “Em algum ponto, tornou-se uma banda de verdade e nós compramos instrumentos, e tivemos alguma repercussão e começamos a nos achar Jimi Hendrix. Você sabe: era como nos discos ao vivo de Jimi Hendrix, só que apenas a parte dos intervalos entre as músicas”, brincou.

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A seguir, ele formou com o amigo de escola e guitarrista Steve Turner, o Green River (grupo gênese que trazia em sua formação Stone Gossard e Jeff Ament (que mais tarde iriam para o Pearl Jam, forçando-o a nova investida). Logo após ver um filme num cinema de Seattle, um clássico de Russ Meyer de 1965 chamado Mudhoney, eles adotaram o nome do grupo que perdurou. Em 1988, seu hit Touch me, I’m Sick acabou virando o hino daquela cena emergente do grunge (Smells Like Teen Spirit, do Nirvana, só surgiria em 1991). 

Curioso que, 24 anos depois, a cantora Norah Jones (de estilo oposto ao de seu grupo) lançou seu disco mais recente justamente com uma citação do pôster daquele filme, Mudhoney, que inspirou o grunge. “Ela tem razão ao citá-lo, é um belo nome!”, disse o cantor.

Mark Arm tem uma longa folha corrida de shows no Brasil que começa em 2001, no Olympia, em São Paulo. Em 2005, eles vieram para abrir shows do Pearl Jam (e ainda para juntar-se no palco ao grupo de Eddie Vedder num cover de Kick out the Jams, do MC5). Em 2008, tocaram no Clash Club, com Mark, Turner (guitarra), Guy Maddison (baixo) e Dan Peters (bateria), lançando o disco Under a Billion Suns

Na ocasião, Mark disse: “Sempre soubemos até que ponto poderíamos chegar e qual era o nosso apelo. Nossa guitarra sempre foi crua, minha voz sempre muito áspera, nunca soube cantar direito. Sempre tivemos limitações no quesito popularidade”. Em 2010, o Mudhoney voltou para a Virada Cultural de São Paulo. 

Arm disse que não viu, na semana passada, o beatle Paul McCartney juntando-se a Dave Grohl e Krist Novoselic, do Nirvana, numa apresentação em prol das vítimas do Furacão Sandy, em Nova York. “Eu estava no México, não estava prestando atenção em porcaria nenhuma”, afirmou.

Kim Thayil, do Soundgarden, disse aquela que talvez possa encaixar-se como a definição perfeita do Mudhoney: “Eles eram as pessoas que deveriam estar assistindo ao show deles”.

I’M NOW: THE STORY OF MUDHONEY 

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MIS. Avenida Europa, 158, 2117-4777. Quinta-feira, 20, às 19 h. Grátis. 

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