PUBLICIDADE

Mineiros do Skank lançam novo CD Carrossel

Grupo aceitou o desafio: Por que não resgatar o o Skank mais simples, espontâneo, mais urgente? E o resultado está em Carrossel

Por Agencia Estado
Atualização:

Montado em um bairro tranqüilo da capital mineira, o estúdio do Skank está mais para a segunda casa do grupo. Pelo menos, assim foi nos últimos sete meses, quando o quarteto esteve completamente imerso na gravação do 9.º CD da carreira, "Carrossel" (Sony BMG). Foi lá também o lugar escolhido para a banda dar o pontapé inicial na maratona de divulgação do novo trabalho. E não é que, naquele mesmo terreno, outrora vivia alegre e feliz a família do baterista Haroldo Ferretti. Para ganhar uns trocados, Haroldo, em tempos de vacas magras, costumava alugar o estúdio para outras bandas ensaiarem. "A banda dele (leia-se o Skank) não podia ensaiar em horário normal. Era da meia-noite às 2 horas", diverte-se Samuel Rosa, vocalista e guitarrista do grupo. Naquela época, o estúdio ocupava um espaço pequeno. "Em 2000, incentivado por Tom Capone (produtor morto em 2004), a gente se uniu para reformá-lo e equipá-lo", conta Haroldo. Até que a família Ferretti conviveu bastante com o entra-e-sai em sua casa. Mas dois anos depois da reforma, a mãe do baterista achou por bem pegar suas malinhas e mudar-se daquele espaço já dominado pelos amigos músicos do filho. Capa inspirada no quadro Carousel of Souls, do artista Glenn Barr Hoje, o estúdio está completo e, pela primeira vez, o grupo pôde ali gravar e mixar um disco - no caso, o novo Carrossel (cuja capa, aliás, que beira ao surrealismo, foi inspirada no quadro Carousel of Souls, do artista Glenn Barr). Se o local se tornou uma espécie de hábitat natural para eles? A resposta é: menos do que gostariam. Segundo Samuel, o grupo, que tem mais de dez anos de carreira, passa por uma fase de ver certos limites nessa coisa de pegar estrada. "Uma banda no início é meio bandeirante: quer desbravar, tocar para todo mundo A presença da banda é o melhor meio de divulgação dela. Você gasta nisso uns sete anos tocando em todos os cantos do Brasil. E se somar horas de estúdio, em todo esse tempo de Skank, dará 5% de tudo que fizemos", avalia o vocalista Para eles, o tempo de quilometragem acumulado finalmente lhes permite certos confortos e menos extravagâncias. "Acho que há de se considerar que hoje somos quarentões; então nossa capacidade intelectual tende a melhorar, enquanto a física começa a declinar (risos)", completa Samuel. "A tendência agora é enfatizar mais o processo criativo, sem abandonar a estrada." Ruptura assumida com a música ensolarada e festiva O processo já foi desencadeado durante a gravação de "Carrossel". Foram meses contínuos buscando uma solução sonora coerente para um CD que sucederia Maquinarama (2000) e Cosmotron (2003), significativos na discografia do Skank por assumirem uma ruptura com a música ensolarada e festiva produzida pela banda até o disco Siderado (1998). Mas "Carrossel" não traz consigo nenhum compromisso aparente de estar atrelado aos dois CDs anteriores: apenas a de dar continuidade a um caminho que o grupo optou por seguir. Hoje a banda, por exemplo, não se sente preparada para um CD de reggae, simplesmente porque não tem a mesma energia com que fazem rock ou uma canção mais elaborada. Samuel conceitua: "Em termos de proximidade, acho que esse disco não vai além do que foi "Maquinarama" como flerte com a parte festiva da nossa música, mas é mais do que Cosmotron. Considero "Carrossel" mais palatável que Cosmotron, que era mais estranho." A preocupação com as melodias harmônicas, claro, persiste, haja vista a inclusão até de instrumentos de orquestra Para tanto, contaram com Artur Andrés, responsável pelos arranjos de corda e sopro, e cuja colaboração está impressa em canções como "Notícia" e "Cara Nua". Mas tudo sem rebuscamentos, para não destoar das músicas mais simples do disco, tanto no jeito de serem letradas quanto tocadas. Co-produtor do novo CD ao lado de Chico Neves e do próprio grupo, Carlos Eduardo Miranda lançou a sugestão: por que não resgatar o Skank mais simples, espontâneo, mais urgente? E assim se fez também. "É diferente voltar a uma simplicidade depois de você ter incursionado em algo mais complexo. Para a gente, foi difícil romper certo pudor, já que fizemos coisas tão elaboradas", acredita Samuel. Por falar em Carlos Eduardo Miranda, há tempos a banda mineira queria "oficializar a relação" com o produtor que, mais de dez anos atrás, a lançou. Neste trabalho, Miranda produziu algumas músicas, enquanto Chico Neves, a maior parte do disco. Miranda bem que poderia ter produzido mais faixas, mas acabou trabalhando em só quatro delas. Produtor ficou famoso por causa de Ídolos Afinal, desde que aceitou ser jurado do programa Ídolos, do SBT, o produtor (até então só conhecido nos bastidores do métier) não teve mais sossego. "Ele estava um pouco pilhado por ser ídolo", brinca Samuel, que conta alguns causos a despeito da nova condição de famoso do amigo. "Um dia, nós dois estávamos voltando do almoço e parei o carro em frente de um colégio. Uma menina passou, olhou no carro e gritou: ?O cara do Ídolos!?. Veio o colégio inteiro. E alguém, de repente, disse: ?Não é o cara do Skank ali do lado??(risos)." Nada que possa subir à cabeça de Miranda. "Ele não mudou; pra gente, é a mesma coisa", endossa o tecladista Henrique Portugal. Além de contar com Neves, Miranda e velhos parceiros de Samuel, como o onipresente Chico Amaral, Nando Reis e Humberto Effe, Carrossel marca a estréia de Arnaldo Antunes e César Maurício, vocalista do Radar Tantã, como parceiros do vocalista do grupo. Com Maurício, Samuel assina "Lugar", "Seus Passos" e "Um Homem Solitário", canções que estavam com o Skank desde a época do Cosmotron. Com Antunes, compôs "Trancoso". "Encontrei o Arnaldo em Trancoso e comentei com ele que estava fazendo o disco. Coincidentemente, encontrei um letrista na praia dando sopa, sem nada pra fazer. Em visitas de um na pousada do outro, saiu essa canção." E como é de praxe, o Skank traz novamente duas ou três músicas estratégicas na manga, que têm toda a pinta de se tornarem sucessos radiofônicos. A banda sai com "Uma Canção É Pra Isso", de Samuel e Amaral, como música de trabalho. O quarteto afirma que canção tocada em novela não é garantia de sucesso e admite que sempre trabalha com a possibilidade de uma música sua estourar no rádio. "A gente tem essa preocupação, mas essas canções saem naturalmente. Um hit não pode ser forçado", diz Samuel. "A gente precisa disso também. Queremos tocar no rádio, gostamos de vender discos, de conforto, de viajar, de ter equipamento bom. Nossa música tem abrangência." A repórter viajou a convite da gravadora Sony BMG

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.