Metrô volta com beats eletrônicos

Quase 20 anos depois o trio Virginie, Dany Roland e Yann Lao (sem Zaviê Leblanc, Alec Haiat e Pedro Parq) - esboçam um retorno, lançando o CD Déjà-Vu pelo selo BD

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Por Agencia Estado
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Em meados dos anos 80, o grupo Metrô liderou as paradas de sucesso com os hits Johnny Love, Beat Acelerado e Ti Ti Ti. Em 1985, a banda encerrou a brevíssima carreira de um ano e cada um seguiu seu caminho. Quase 20 anos depois, seus integrantes - na verdade, o trio Virginie, Dany Roland e Yann Lao (sem Zaviê Leblanc, Alec Haiat e Pedro Parq) - esboçam um retorno, lançando o CD Déjà-Vu, pelo selo BD (e distribuído pela gravadora Trama). Esboçam, porque eles mesmo não sabem qual é o destino do Metrô daqui para frente. E nem pensam nisso. Estão mais preocupados com a divulgação desse novo trabalho. Algumas constatações podem ser feitas a partir de Déjà-Vu. Primeiro que a voz doce da cantora Virginie continua a mesma. Já o cabelo de Dany Roland e a sonoridade do grupo, quanta diferença. A vasta cabeleira ostentada por Dany na juventude ficou no passado, assim como as baladinhas românticas que fizeram o sucesso do grupo. O Metrô "versão 2002/2003" apresenta uma musicalidade muito mais madura, distante anos-luz daquelas canções que garantiam à gravadora a boa vendagem de discos e eram palatáveis ao grande público. Desta vez, não houve interferência de nenhuma gravadora. O produto final, do repertório aos arranjos, é genuinamente autoral. E tudo fluiu muito naturalmente, sem grandes pretensões ou compromissos. A princípio, gravadoras foram atrás deles para propor a produção de um DVD, acompanhando a onda da retomada de grupos dos anos 80. "Todo mundo adoraria trabalhar junto, mas fazer um DVD acústico não interessava a gente", diz Dany. "Se era para voltar, não seria para produzir o que a indústria quer. Por isso o Metrô acabou, porque não entrou no jogo das grandes gravadoras." No início deste ano, Yann se hospedou na casa de Dany no Rio. Juntos, os dois foram trabalhando e gravando, de maneira caseira, músicas que tinham marcado a vida deles. "Mandamos um CD com várias canções para Virginie", diz ele. É importante lembrar que, nessas últimas décadas, muita coisa mudou na vida dos três. Virginie, por exemplo, chegou a trabalhar no consulado da França em São Paulo, se casou com um francês, teve duas filhas, se mudou para França e atualmente mora em Moçambique, na África. Voltando ao material enviado por Dany e Yann, a cantora adorou o que ouviu e, quando veio ao Brasil, em abril, gravou tudo em uma semana. O resultado é um CD eclético, com 19 faixas, mas com predominância da bossa nova e dos elementos eletrônicos. Mensagem de Amor, de Herbert Vianna, abre o disco numa versão renovada, criada pelo cantor e compositor baiano Lucas Santtana, com beat, piano, strings e violão. Há curiosidades, como Achei Bonito, uma canção popular que Dany Roland conheceu no interior do Cariri, no Ceará. Ele gravou a voz de crianças cantando a música, uniu com a voz de Virginie e acrescentou um novo trecho. O repertório inclui Que Nega É Essa, de Jorge Benjor Coração Vagabundo, de Caetano Veloso, Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, Silence, de Charlie Haden, entre outros. O velho Metrô foi resgatado nas faixas Johnny Love, Sândalo de Dandi e Beat Acelerado (esta última, nas versões bossa nova, como era originalmente, e também com remix house dos Djs Bruno Leite e Gustavo Tatá). Há participações especiais de Otto, Preta Gil, Jorge Mautner, Nelson Jacobina, entre outros. "Fiquei surpresa, porque a sonoridade era diferente do que fazíamos 17 anos atrás", comenta Virginie sobre o novo trabalho. "É um disco verdadeiro, que condiz com a nossa identidade."

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