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Metheny lança CD e incrementa banda

Trinta e quatro anos e dez discos depois, Pat Metheny e sua banda parecem ainda ter algo a dizer. Speaking of Now, seu novo álbum

Por Agencia Estado
Atualização:

Trinta e quatro anos e dez discos depois, Pat Metheny e sua banda parecem ainda ter algo a dizer. Speaking of Now, seu novo álbum, chega às lojas brasileiras em fevereiro, apresentando os três novos músicos do grupo, "novas caras que nos deram o alimento para colocar em prática novas idéias", diz o veterano Metheny em entrevista por telefone à reportagem. "Os três, há muito tempo, queriam trabalhar com a banda e quando nos conhecemos percebemos logo que uma colaboração poderia ser bastante interessante." O primeiro dos três é Antonio Sanchez, baterista mexicano que Metheny conheceu há alguns anos durante uma turnê e define como o "ideal para o som que fazemos". "É um dos músicos mais talentosos de sua geração e sua visão ampla da música possibilita a ele explorar um maior número de possibilidades em termos de harmonia e dinâmica." Pat, Lyle e Steve, no entanto, não pararam por aí e continuaram atrás de novos membros que pudessem colaborar com um "sentimento de que as possibilidades eram totalmente ilimitadas". E, após buscas por novos talentos em gravações e clubes perdidos em meio a Nova York, Metheny virou-se a Joe Zawinul, percussionista de Camarões, em busca de conselhos e possíveis indicações. Para tornar curta uma longa história, Zawinul, segundo Metheny, "convidou-se" para uma audição com o grupo, na qual também mostrou suas habilidades de cantor, interpretando alguns dos antigos sucessos do grupo. "Só a idéia de escrever para ele ou Antonio já era o suficiente para nos deixar totalmente entusiasmados, repletos de inspiração." A terceira, e última, nova adição ao grupo foi descoberta acidentalmente, quando Metheny ouvia uma transmissão de rádio pela Internet e se encantou com o som, "uma combinaçãao de trompete, baixo e bateria que acabava com qualquer definição preconcebida do que supostamente seria o jazz". Restava apenas ir atrás de Cuong Vu, anunciado pelo locutor da estação. Tarefa que não seria nada fácil, uma vez que conta Metheny, "não sabia nem se isso era um grupo ou uma só pessoa". Era um trompetista sobre o qual Metheny e sua banda conseguiram informações em clubes no centro de Nova York, "que sempre apostam em músicos que estão buscando expandir os limites do jazz". Vietnamita que imigrou para os Estados Unidos poucos anos após a Guerra do Vietnã, Cuong Vu foi encontrado, por auxílio da lista telefônica, em um pequeno apartamento no Brooklin, "um bom local para um jovem músico morar". Entre o primeiro encontro e o convite para se unir à banda, Metheny teve ainda a chance de ouvir um disco de Vu, no qual ele também cantava, "usando a voz de um modo simplesmente incrível". Clique - Como ocorreu nos encontros com Sanchez e Zawinul, Metheny afirma que ouvir Vu provocou um "clique", uma sensação de que a banda, unindo-se ao talento daqueles músicos, poderia ir além do que andava fazendo, em muitos sentidos. E é isso, segundo ele, que define Speaking of Now. Para ele, o álbum não redefine "nada" em relação ao caminho que a banda percorreu ao longo de seus mais de 30 anos. "Nossa história é quase que de amor. Não paramos, jogamos fora e recomeçamos. Nosso som é sempre resultado da adição de novas experiências, uma destilação, nunca deixando nada de lado, mas damos novas formas àquilo que fizemos anteriormente." A forma é um dos pontos centrais, segundo Metheny, do trabalho do grupo. "O modo como trabalhamos exige que nos perguntemos constantemente diferentes questões com relação à forma. O fato de que algumas faixas chegam a dez minutos de duração mostra a abordagem ambiciosa do grupo nesse sentido." O trabalho de composição das músicas para Speaking of Now começaram em maio de 2001 e duraram três semanas, durante as quais Metheny pôs no papel "algumas idéias antigas e outras que simplesmente foram surgindo no contato com os outros integrantes do grupo". "Não há um jeito certo de compor; para mim, o fundamental é a rotina. Mas, a cada álbum, percebo que fica mais difícil, meus parâmetros estão cada vez mais altos. A sensação, porém, de ter encontrado significado naquilo que você está fazendo ainda é única."

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