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Meneses solo

Violoncelista faz recital com obras de Bach e Cassadò no Cultura Artística Itaim

Por João Luiz Sampaio - O Estado de S.Paulo
Atualização:

Estar sozinho no palco é se sentir completamente nu, brinca o violoncelista Antonio Meneses. Ainda assim, ele conta que tem sentido vontade de voltar a fazer recitais solos - e é justamente com um deles que abre hoje a temporada de concertos do Cultura Artística Itaim, dedicada à música de câmara (leia abaixo). No programa, obras de Bach, Almeida Prado e Gaspar Cassadò.

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A música de câmara está longe de ser território estranho para Meneses. Nosso principal instrumentista de cordas, ele acaba de se apresentar na Holanda com a pianista Maria João Pires, consolidando um duo nascido no ano passado em Campos do Jordão e que logo deve render as primeiras gravações; antes disso, foi violoncelista do célebre Trio Beaux-Arts.

O repertório do recital mostra Meneses às voltas com obras marcantes em sua trajetória. De Bach, ele toca as Suítes n.º 1 e 3. As seis suítes do compositor são um marco no repertório para violoncelo - não apenas sugerem uma nova gama de elementos expressivos para o instrumento, como servem como medida da maturidade do artista que se propõe a interpretá-las. Meneses gravou as peças em duas ocasiões. A primeira, item raro de colecionador, foi no começo dos anos 90, no Japão, com o violoncelo do lendário Pablo Casals, responsável pelos primeiros registros das obras. Já a segunda gravação é do começo dos anos 2000, na Inglaterra, para o selo Avie (no Brasil, o álbum foi lançado pelo selo Clássicos).

Na ocasião, se preparando para lançar o disco, Meneses encomendou a seis compositores brasileiros peças que dialogassem com as suítes de Bach. As obras, estreadas em recitais no antigo Teatro Cultura Artística, deram a dimensão da importância de Bach como referência aos compositores - e, mais do que isso, formaram um panorama da composição brasileira atual. E é justamente desse conjunto a suíte de Almeida Prado que Meneses também toca hoje, em homenagem ao compositor, morto no ano passado. O programa se encerra com a Suíte para Violoncelo Solo, de Gaspar Cassadò, peça de enorme dificuldade, que exige combinação de virtuosismo e musicalidade.

Ainda em maio, dia 9, a série de câmara do Cultura Artística vai receber o pianista francês Roger Muraro. Grande especialista na obra do compositor francês Olivier Messiaen, ele fará por aqui um recital dedicado inteiramente a Franz Liszt. Os franceses, no entanto, não ficaram totalmente de fora: um dos destaques do programa é a versão feita por Liszt para a monumental Sinfonia Fantástica, de Hector Berlioz.

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