Meio-soprano Frederica von Stade volta a SP

Grande intérprete de Mozart, a norte-americana apresenta-se pela segunda vez na cidade, hoje e quarta-feira, no Teatro Municipal

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Se, como afirma a meio-soprano Frederica von Stade, todo mundo é "um pouco apaixonado por Mozart", os recitais que ela faz hoje e quarta-feira no Teatro Municipal têm tudo para agradar ao público paulistano. O programa - que será interpretado pela Orquestra Sinfônica Municipal, sob regência do inglês John McGlinn - inclui cinco famosos trechos do compositor, além de obras de Thomas, Offenbach, Hérold e Lehár. Poucas horas após chegar à cidade, Frederica falou com a reportagem do Estado sobre seus recitais no Municipal e sua carreira. O programa de seus recitais no Brasil reúne papéis que marcaram sua carreira. Poderia comentar um pouco sobre eles? Frederica von Stade - São papéis que estão comigo há muito tempo e, em especial no que diz respeito a Cherubino, de As Bodas de Fígaro, tornaram-se grandes amigos pessoais. Cantar Offenbach é sempre uma grande experiência, assim como a Lehár. E a ária Connais-tu le Pays?, da Mignon, tem um significado pessoal para mim, por ter sido a primeira ária que eu aprendi. Cherubino, de "As Bodas de Fígaro", foi o primeiro grande papel de sua carreira e, nos recitais aqui em São Paulo, você escolheu duas árias dele. Como é cantá-lo? Cantar Cherubino é algo fantástico. Acho que essa é a ópera mais bela de Mozart, aquela na qual ele fala das pessoas de modo mais honesto, da maneira que elas realmente são, sem, porém, deixar de lado a emoção e o sentimento na hora de compor. Ainda falando do repertório mozartiano, você se sente confortável interpretando papéis como Idamante, Sextus ou mesmo os gênios de "A Flauta Mágica". O que a atrai em Mozart e, na sua opinião, quais são as principais dificuldades de seu repertório? Em algumas semanas, vou a São Francisco participar de uma palestra sobre Mozart e estou lendo uma das biografias disponíveis sobre ele. É impressionante como ele não foi apenas uma grande gênio musical, mas também um homem de enorme coração, o que influenciou muito sua música. É isso que me interessa em sua obra e daí vem, também, a principal dificuldade. Tudo o que ele escreveu é tão puro que a interpretação deve ser precisa. Nos últimos anos, você tem se dedicado, também, ao repertório de canções norte-americanas. Como é cantar na própria língua? É ótimo (risos). E há grandes autores como Bernstein e Jerome Kern, que fazem parte da cultura norte-americana. E, atualmente, vejo com muita felicidade o fato de que há muitos jovens compositores em meu país preocupados em compor para vozes. É o caso, por exemplo, de Jake Heggye, que escreveu uma ópera que discute a questão da pena de morte, tema importante hoje nos Estados Unidos. Você trabalhou bastante com Bernstein e já disse que teve, ao lado dele, alguns de seus principais momentos profissionais. Como era trabalhar com ele? Sem dúvida alguma, ele era um homem brilhante, tanto em termos musicais como pessoais, apesar da personalidade complicada, da intensidade com que sentia as coisas. Tinha um enorme senso de humor, que facilitava o trabalho. Frederica Von Stade. Hoje e quarta, às 21 horas. De R$ 10,00 a R$ 80,00. Teatro Municipal. Praça Ramos de Azevedo, s/n.º, tel. 222-8698.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.