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Megafesta da música eletrônica supera expectativas

Por Agencia Estado
Atualização:

Quando o DJ londrino Don Fabio terminou seu licérgico mix de batidas graves marcadas por um sinuoso compasso de jazz, o público na tenda de drum ´n´ bass do festival Skol Beats já aguardava com ansiedade o som que viria a seguir: uma marcação baixa, vibrante e lenta, que começava gradativamente a excitar o lugar. Em meio à atmosfera psicodélica, a marcação acelerava, e seu criador, o brasileiro Marky Mark, desenhava scratches nas pick up´s que se sucediam de maneira idêntica, e reproduziam uma segunda base para um crescendo cada vez mais incitante, cada vez mais cheio, pleno. Quando parecia vir o auge de toda a composição, uma rápida parada - e os gritos extasiados das centenas de pessoas da tenda davam lugar, um segundo depois, a movimentos frenéticos, constantes, e extremamente coloridos. Pronto. Marky conseguiu levar uma multidão à loucura, em poucos minutos. O festival de música eletrônica que aconteceu nessa madrugada no Autódromo de Interlagos, o Skol Beats, foi praticamente uma seqüência de momentos como esse, em todas as tendas, com pessoas e ritmos diferentes. Ambientes com trance, tecno, house, drum ´n´bass, e até um lounge com acid jazz, liquid funk e outros ritmos menos "eletrônicos", fizeram a noite de sábado e a manhã do domingo durarem pouco para todo o público que compareceu ao evento. Às 9h, hora programada para encerrar o festival, ainda havia muita gente pulando sobre as lonas montadas no autódromo, e outras dezenas dormindo sob o asfalto. O Skol Beats foi baseado em megafestivais de musica eletrônica realizados na Inglaterra e Suécia (como o britânico Homelands, que aconteceu há pouco em Winchester). Inicialmente, os clubbers e amantes mais árduos de música eletrônica duvidavam da organização de um evento desse porte no Brasil, com 145 mil m2, ambientes variados, 50 DJs e até brinquedos de parque de diversões e um bungee jump. Débora Peixoto dos Santos, 22 anos, estudante universitária e fã de música eletrônica, estava com um pé atrás, mas resolveu conferir porque "havia ouvido falar que tocaria gente muito boa". "Gostei demais. Estava todo mundo muito envolvido", disse Débora pouco de terminar a festa. Durante suas quase 20 horas de duração, os problemas que apareceram foram poucos. Para o efetivo policial que fez a segurança do local quase não houve trabalho. Para a técnica, o máximo que surgiu foram alguns atrasos nas programações das tendas, que não pareceram incomodar de fato o público. Na ala VIP, em determinado momento acabou a cerveja. Mas até isso foi pouco relevante, pois onde realmente importava ter bebida, tinha. Atrações - Foram várias as feras que compareceram além do precursor tropical Marky e do inglês Don Fabio - um dos principais reformuladores do jungle. Entre eles estiveram o nova-iorquino Frank Knuckles, criador da house music; Mau Mau, nosso nome forte no tecno; Armand Van Helden, o principal DJ de house dos anos 90; os franceses psicodélicos do Total Eclipse; Felipe Venâncio, Level 202, Patife, o alemão WestBam, Ram Science, DJ Rap, Green Velvet, e muitos outros. Dado o fenômeno em que a música eletrônica tem se tornado em todo o mundo, os gringos aclamados por aqui podem não ter achado grande coisa o festival. "Já fui em tantos que hoje eu mal consigo destingüir um do outro", disse o DJ Van Helden, considerado o melhor de house em Nova York no momento. Mas esta foi a primeira vez que pudemos contar com ele no Brasil e, o que é melhor, com outras estrelas do eletrônico ao mesmo tempo, o que ajudou dar ao festival um resultado bastante satisfatório. Don Fabio, ao contrário de Helden, sentia sua performance como uma verdadeira estréia. "Já ouvi falar maravilhas sobre a cena no Brasil", comentou ele, ansioso, minutos antes de discotecar. A festa contou também com o prestígio de gente famosa, como a modelo Cláudia Liz, que desfilou com o novo namorado e admitiu gostar do ritmo. "Vim por causa de uma amiga que organiza, mas também gosto bastante de algumas coisas eletrônicas", afirmou ela. O vocalista da banda mineira Jota Quest, Rogério Flausino, e a clubber colunista Erika Palomino, foram outros destaques da noite. Esperando que não tenha sido só "sorte de principiante", fica a expectativa de que próximos festivais similares continuem mantendo a estrutura, a atmosfera, a organização e até os propósitos desse Skol Beats. O debute, pelo menos, convenceu: foi ver para crer.

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