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Max de Castro vence o desafio do segundo disco

Depois do sucesso de Samba Raro, o compositor lança Orchestra Klaxon, em que faz uma mistura de soul, hip hop e música eletrônica

Por Agencia Estado
Atualização:

Em seu segundo disco, o recém-lançado Orchestra Klaxon (lançamento da gravadora Trama, preço médio R$ 25), o músico Max de Castro dá continuidade aos experimentos iniciados em Samba Raro (2000). Considerado por parte da crítica como "divisor de águas" da música brasileira contemporânea, o álbum apresenta uma colcha de retalhos das mais diferentes influências e referências - da MPB, da música eletrônica, do soul e do hip hop. Festejado como bom compositor e criticado pelo limitado alcance vocal, ele relativiza. "Eu me empenho em tudo que faço, inclusive em cantar melhor. Eu só fico meio inquietado se as pessoas que me criticam sob esse aspecto, falariam isso também, por exemplo, de Tom Jobim, Chico Buarque ou Bob Dylan", diz. "Mas tenho plena consciência de que não tenho uma grande voz e também não sou virtuoso em nenhum dos instrumentos que eu toco." Multiinstrumentisa, Max concebeu Samba Raro totalmente sozinho: fez os arranjos, produziu, cantou e tocou todos os instrumentos. Em Orchestra Klaxon, ele virou do avesso esse processo e chamou colaboradores de todos os cantos da música brasileira. Além de contar com instrumentistas convidados em todas as 12 faixas, o músico chamou alguns grandes letristas para preencher suas melodias. Fred 04, do Mundo Livre S.A., assina Linha do Tempo, Marcelo Yuka, do Rappa, Os Óculos Escuros de Cartola e Erasmo Carlos, A História da Morena Nua Que Abalou as Estruturas do Esplendor do Carnaval. "O Erasmo foi extremamente atencioso, foi muito prazeroso trabalhar com ele", conta Max. "Quando ele recebeu a música me ligou de volta, sugeriu um tema. Depois quando a letra ficou pronta, ele me pediu para cantar para ver como tinha ficado. A preocupação dele mostra o quanto ele é profissional e cuidadoso." Entre os instrumentistas convidados, os mais ilustres aparecem em O Nego do Cabelo Bom. Lendas vivas do samba jazz que ensolarou a MPB nos anos 60 e 70, Wilson das Neves (bateria), J.T. Meirelles (sax), Sérgio Barroso (baixo) e Sérgio Carvalho (piano fender) e Vitor Farias (ganzá) garantem todo o peso da faixa. "Eu sempre quis tocar com esses caras, ouvi eles a vida inteira", diz. "A história é meio cruel com todos eles. O J.T. Meirelles, por exemplo, vendeu o sax há 20 anos e tocou no meu disco com instrumento emprestado." Com os instrumentos musicais e as letras distribuídas por várias mãos, Orchestra Klaxon acaba soando mais orgânico que o disco anterior de Max. "O outro disco era mais experimental, as músicas foram aparecendo durante o processo de criação", lembra. "Nesse eu já sabia mais onde eu queria chegar, ele é mais ambicioso em arranjos, melodias." Filho de Wilson Simonal, Max não esconde a influência do pai. Mas a referência passa de raspão e suas músicas apontam para uma outra direção. "Eu gosto muito dos discos dele, escuto direto. Essa herança genética faz com que eu tenha uma predisposição natural para ficar parecido com ele", admite. "Se eu não me esforçar em fazer diferente, a tendência é ficar parecido mesmo."

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