Marlos Nobre recebe prêmio ibero-americano em Madri

O músico já ganhou 25 prêmios de prestígio no Brasil e é considerado, por muitos, o herdeiro de Heitor Villa-Lobos

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Por Agencia Estado
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O músico brasileiro Marlos Nobre, que nesta quinta-feira vai receber o prêmio ibero-americano Tomás Luis de Vitoria, conhecido como o Cervantes da música erudita, considera que "é bom que um compositor lute por viver de música e ganhar dinheiro com isso, assim como fizeram Mozart e Bach". "Não existe a música do futuro, mas sim a música para o consumo", assegurou Nobre. "O bom dos compositores de hoje em dia é que eles sabem que as coisas funcionam assim e que não podem viver de subsídios, como pensava uma geração de músicos dos anos 60, que achavam que ser vanguardista era fazer a música se tornar o mais insuportável possível", explicou à EFE. O também pianista e diretor de orquestra Marlos Nobre, que recebe o Tomás Luis de Vitória, prêmio de aproximadamente US$ 70 mil, por sua "maravilhosa trajetória criativa e pela originalidade de seu pensamento sinfônico", acredita que o prêmio foi muito importante porque desde novembro, época em que foi anunciado vencedor, sua obra foi programada em quatro ocasiões por quatro principais orquestras do Brasil. O Prêmio Tomás Luis de Vitória é concedido pela Sociedade Geral dos Autores da Espanha e nesta edição contou com 57 candidatos de 17 países. O objetivo é destacar um compositor vivo da comunidade ibero-americana e premiar o conjunto de uma vida dedicada à criação. De Nobre, o jurado, presidido pelo diretor de orquestra venezuelano José Antonio Abreu, destaca sua "amplíssima obra pedagógica". Marlos Nobre: 25 prêmios de grande prestígio no Brasil Nascido em Recife em 1939, Nobre preside atualmente o Comitê Nacional de Música IMC/UNESCO e se define como "um homem que trabalha mais a criação do que a imaginação, desde o respeito à cultura do Brasil". Nobre se encanta com a música popular, que, segundo diz, é uma de suas fontes de inspiração. Nobre estudou piano e teoria musical no Conservatório de Pernambuco. Estudou na Fundação Rockefeller do Centro Latino-americano de Buenos Aires e também na Columbia Electronic Music Center de Nova York. Já recebeu, segundo indica, mais de 25 prêmios de grande prestígio no País, entre eles a Medalha de Ouro ao Mérito Cultural de Pernambuco (1978) e a Grande Oficial da Ordem do Mérito de Brasília (1988). É considerado, por muitos, o herdeiro de Heitor Villa-Lobos. Mesmo sendo admirador do compositor brasileiro, considera que suas obras são muito diferentes. "Eu tinha 20 anos quando Villa-Lobos morreu, em 59. Morreu em 5 de novembro e eu estreei no dia 20 minha primeira obra, e desde lá me consideraram seu herdeiro". Músico vai realizar sonho com a encenação, da Ópera de Houston, de Lampião Amigos dos compositores espanhóis Bernaola, Marco e Halffter, Nobre tem um amplo catálogo de obras desde 1959. Mas seu sonho é estrear uma grande obra, o qual pretende realizar em 2009 com a apresentação, com a Ópera de Houston de Lampião, a história de um bandido do final do século 20 que, ao estilo de Zorro e Robin Hood, rouba dos ricos para dar aos pobres. Já receberam o Prêmio Tomás Luis de Vitória o cubano Harold Gramatges (1996), o espanhol Xavier Montsalvatge (1998), o peruano Celso Garrido-Lecca (2000), o venezulano Alfredo del Mónaco (2002) e o espanhol Joan Guinjoan (2004). Nesta quinta, durante a entrega do prêmio na Real Academia de Belas Artes de San Fernando, em Madri, estréia a Sonata para piano sobre um tema de Bartok, Opus 25, de Nobre.

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