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Mark Farner, vocalista do Grand Funk, será atração na Virada Cultural

Show do roqueiro norte-americano será por volta da 1h da manhã de domingo, no Palco São João

Por Jotabê Medeiros
Atualização:

Entre as atrações internacionais mais cobiçadas dessa Virada Cultural, o nome dele pontifica. Ele toca no Palco São João, na madrugada deste domingo, por volta da 1h da manhã. Entre 1969 e 1973, o cantor, gaitista, tecladista e guitarrista Mark Farner integrou o mítico grupo Grand Funk Railroad, uma das bandas norte-americanas que conseguiram arrancar a máxima potência e sonoridade do trio básico de guitarra, bateria (Don Brewer) e baixo (Mel Schacher).

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O Grand Funk Railroad engrossou barbaramente a enciclopédia do rock com os seus excessos, que incluíam vans cheias de groupies, ácido, mescalina, heroína, álcool e outras coisas pouco ortodoxas. Resposta americana à chamada "British Invasion" de The Who, Led Zeppelin, The Beatles, Stones e Kinks, eles viraram lenda.

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Sua dissolução foi ruidosa, e hoje em dia Mark Farner e Don Brewer não podem ocupar duas mesas num mesmo restaurante que pode sair faísca. Aos 65 anos (completa 66 em setembro), Farner continua em grande atividade. É objeto de um documentário que estreia em breve, I’m Your Captain – The Mark Farner Story, dirigido por Vinny Stragas.

E parece que a mística e o confronto não esmoreceram, 45 anos depois. "O fato é que todas aquelas bandas britânicas cantavam seu rock and roll com sotaque americano, não com sotaque do Rei da Inglaterra. O rock and roll pertence à América. É seu lugar de nascimento e todos que cantam com o sotaque do inglês americano pagam tributo à liberdade que os americanos desfrutam. Bandas americanas não imitam sotaque. Imitação é a mais sincera forma de homenagem", disse Farner, em entrevista ao Estado por e-mail.

Mark Farner retorna ao Brasil após uma micro turnê em 2012, e a banda que o acompanha é a mesma, formada por Karl Propst nos teclados, Lawrence Buckner (o Doutor do Funk) no baixo e vocais e Hubert "H-Bomb" Crawford na bateria. Entre as novidades do repertório, está a nova música Take You Out como aperitivo – o resto é Grand Funk Railroad na veia.

"Vou fazer 66 anos em setembro. Eu tentei repetidamente falar com Don e Mel para fazermos uma reunião do grupo nos últimos 10 anos. Eles não têm disposição de me perdoar e acumulam sentimentos de ódio. Toda vez que eu digo ‘vamos fazer isso pelos fãs’, eles respondem: ‘NÃO!’"

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Convertido ao cristianismo ("Rock and roll é religião. O amor pela religião sempre foi parte do rock", afirma), Farner diz, contudo, que não é um cristão convencional: detesta ir a cultos e missas e não fala em religião o tempo todo. Mas leva a sério a religião. Em julho de 2010, seu filho sofreu um acidente e ficou tetraplégico. Desde então, uma das coisas nas quais o cantor mais se empenha é na reabilitação do rapaz – sem abdicar da fé. "O acidente não me causou descrença. O Amor não precisa nos testar. O sacrifício foi feito em nome de todos nós, mas ele não impede acidentes de acontecerem. Jesse teve apenas um acidente e isso não tem nada a ver com Deus", afirmou o músico.

Farner foi a mola propulsora do Grand Funk Railroad na década de 1970. A banda vendeu mais de 30 milhões de discos e realizou turnês de megabandas, além de quebrar recordes que até então pertenciam aos Beatles (como lotar diversos estádios do Reino Unido e bater recordes de vendas de álbuns). A banda acabou definitivamente em 1976 – tentou algumas reuniões em anos posteriores, mas sem sucesso.

Farner já tem 40 anos de carreira solo e participou de outros grupos, como a banda All Starrs, do ex-Beatle Ringo. Seu álbum mais recente é For The People, lançado em 2006. Ele mandou uma mensagem para o público que irá vê-lo na Virada Cultural. "A mensagem é de Amor e perdão. O concerto será de alta energia. Nós amamos ver as pessoas dançando nossa música, é a maior das sensações."

Quanto do espírito daquele grupo de natureza indomável sobrevive em Mark Farner hoje em dia? Ele responde assim, em seu estilo peculiar: "Sim, aquela música está em mim, é de onde eu vim. Está sempre na minha mente e me dá prazer não ter de gastar dinheiro com eletricidade para ouvir um rádio ou outro aparelho eletrônico, porque eu sempre posso ouvir a música. Ela está em mim e eu a ouço todo dia".

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