Mariah Carey aposta tudo em sua "nova fase"

Para dar sobrevida à sua carreira, ela teve de aceitar uma expressiva redução de cachê. Agora, terá de suar para convecer o público de que ainda é uma estrela

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Por Agencia Estado
Atualização:

Vem aí a tentativa de continuação da carreira de Mariah Carey. Com o contrato de US$ 20 milhões assinado com Universal Group, ela tenta recuperar seu prestígio lançando, pela segunda vez, um selo próprio. Mariah promete um novo álbum de músicas "divertidas". A gravadora é menos modesta e aposta que está prestes a lançar "um dos maiores sucessos de todos os tempos". Mariah já tem seu lugar garantido na história como a artista-solo que mais vendeu discos. Sua voz impressionante e alianças com produtores bem posicionados no mercado conseguiram superar a falta de personalidade de várias fases e construir uma carreira que parecia imbatível. Até que ela se separou de seu criador e marido, o presidente da Sony, Tommy Mottola. Ela assinou um dos contratos mais altos da história com a Virgin (US$ 80 milhões por quatro discos), que pertence à EMI, e acabou tendo a negociação interrompida depois do fracasso da trilha sonora de Glitter, em setembro. Ainda assim, levou para casa um consolo de US$ 28 milhões, fora o cachê referente ao primeiro disco. A artista acabou chamando mais atenção pelo ataque de nervos que fez com que ela passasse duas temporadas internada. Agora, ela teve de aceitar uma oferta bem menor: US$ 20 milhões por três álbuns. De brinde, ela pode brincar de executiva da indústria fonográfica em seu próprio selo (experiência que ela já teve com a Sony, por apenas um ano, sem sucesso). "Realmente acredito que este vai ser o momento em que ela faz seu grande retorno", disse o presidente da Universal, Doug Morris. Colocar dinheiro em um megastar em baixa nem sempre compensa, como ficou provado quando a Dreamworks resolveu bancar a multa e as despesas judiciais de George Michael depois de sua briga com a Sony. O primeiro erro parece ser a falta de capacidade de todas as partes envolvidas em reconhecer os erros de Glitter. Mariah coloca a culpa nos atentados terroristas de 11 de setembro, enquanto a Universal acha que a Virgin não investiu o suficiente na cantora, alegando que uma trilha sonora é muito diferente de um álbum de estúdio. Pode ser, mas o álbum era bem ruim. A cantora também já aproveitou para dizer que "sempre achou" que deveria ter ido para a Universal e não para a Virgin. "No fundo, eu sabia que deveria ter feito negócio com quem sabe o que faz", disse ela à Variety esta semana. A verdade é que Mariah virou um prato cheio para os tablóides. Junte-se a isso uma atitude de pouca modéstia e uma dose de superexposição de anos a fio, e o resultado é um dos maiores efeitos negativos dos últimos tempos. O momento não é de prever sucessos e anunciar o lançamento de "um novo conglomerado de mídia que vai garantir a continuação do legado de Mariah Carey". A cantora também poderia pensar melhor em suas alianças, em vez de tentar fabricar novos sucessos com os hitmakers Jimmy Jam e Terry Lewis, com quem está trabalhando, mais uma vez, em um novo disco. Também seria a hora de Mariah parar com a "síndrome de Madonna" e achar que pode ser atriz. Glitter virou uma piada comparável a Waterworld, o Mundo das Águas e A Reconquista e, perto de Amigas Para Sempre, de Britney Spears, que era basicamente a mesma história só que com ares mais contemporâneos, soou mais desafinado ainda. O novo filme de Mariah, Wisegirls, não vai nem ser exibido nos cinemas - indo direto para o canal por assinatura Cinemax. E ainda assim, ela quer fazer outros trabalhos nas telas. Até o lançamento do novo trabalho, no fim do ano, Mariah vai ter de arrumar um jeito de voltar a ganhar espaço na mídia sem ser nas páginas de escândalos. E depois, é torcer para que o público resolva dar uma nova chance a suas músicas. Mas, ao que tudo indica, Mariah parece ser uma das primeiras artistas que ficou com sabor de "década passada". Assim como outros nomes pararam nos anos 80, ela estacionou nos 90 - e não parece que vai conseguir evoluir para os novos tempos.

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