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Marcelo Falcão usa o reggae como fio condutor de 'Viver (Mais Leve Que o Ar)'

Ex-vocalista do Rappa investe pela primeira vez na carreira solo com novo álbum, lançado nesta sexta-feira, 15 de fevereiro

Por Guilherme Sobota
Atualização:

Marcelo Falcão diz à reportagem, num hotel na zona sul de São Paulo, que sempre se considerou um cara do social. “Se para mim está bom, eu olho para o lado.” O assunto era o reggae – o principal fio condutor do disco, Viver (Mais Leve Que o Ar), seu primeiro depois de 25 anos com O Rappa, lançado nesta sexta-feira, 15.

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No ano passado, os relatos davam conta de uma banda dividida, envolvida em discussões com o empresário, e a possibilidade de um retorno definitivo parecia cada dia mais afastada. 

Falcão, garante, não guarda nenhum ressentimento dos colegas do Rappa (Xandão Menezes, Lauro Farias e Marcelo Lobato). 

“Na real, sempre vamos respeitar o que aconteceu com nós quatro. Só tenho orgulho de todos eles. Foi uma enorme felicidade Deus ter me feito conhecer esses caras. Não viveríamos muitas coisas se não tivéssemos nos conhecido. Tivemos uma aula do mundo.”

Marcelo Falcão. Músico diz que não guarda ressentimentos dos ex-colegas d'O Rappa; álbum solo é lançado nesta sexta Foto: JF Diorio/Estadão

Musicalmente, agora, Falcão se dedica pela primeira vez à carreira solo, transitando nos ritmos de que o Rappa se utilizava para fazer sua world music, tendo o reggae como estrela principal, como fica claro em Viver, um dos singles, já com milhões de visualizações na web.

“Minha relação com o reggae vem até de antes do Rappa”, diz Falcão. “Conheço a galera da cultura negra, o Engenho Novo (onde nasceu) era casca grossa, cercado de seis favelas. Nada do que conquistei foi mais legal do que a experiência musical de passar algo e fazer as pessoas esquecerem, por um momento, as coisas difíceis. O reggae sempre foi a ponte principal entre o meu coração e o coração das pessoas. Aqui senti a necessidade de fazer mais diretamente, nas letras, sem precisar de muita interpretação.”

Ele conta que passou anos gravando ideias em celulares e chegou a 600 materiais. Entregou então os dados digitais para o produtor Felipe Rodarte (que hoje comanda o estúdio Toca do Bandido), que peneirou e selecionou, junto com Falcão, as 13 faixas do disco.

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“Quero que as pessoas me conheçam mais agora. Sou tímido para caramba, e fui aprendendo. Sempre tive coisas a falar mas sempre esperei a hora oportuna. Essa timidez foi confundida com inacessibilidade, sinto que houve um momento que não me importei com isso porque estava protegendo o momento de subir no palco. Quero continuar sendo forte de show, fazer uma gig musical mesmo. Quero olhar para trás e dizer: que banda”, explica. “As pessoas vão me conhecer mais agora.”

Sua banda atual é formada por Bino Farias, do Cidade Negra (irmão de Lauro Farias, ex-colega do Rappa, no baixo), João Fera (parceiro dos Paralamas, nos teclados), Hélio Ferinha (teclas), DJ Negralha ( colega de Rappa), Marcos Suzano (percussão), Felipe Boquinha (bateria), Edésio Gomes, Eneas Pacifico e Vinicius de Souza (metais). O maestro Arthur Verocai contribuiu na orquestração em Eu Quero Ver o Mar.

O disco pode ser também uma boa notícia num ano de perdas. A morte de Ricardo Boechat afetou Falcão, e em janeiro Marcelo Yuka, o fundador do Rappa, também morreu.

“O Yuka foi um amigo, um brother. Fizemos as coisas juntos, ninguém fez nada sozinho. Tivemos o Rappa durante sete anos juntos, e foram 18 anos sem a gente se ver. Não lido bem com enterro, no do meu avô não consegui ir, cheguei no final. Eu vou guardar o Yuka com as coisas felizes, porque ele só me deu felicidade. Quando tivemos opção de cada um seguir seu caminho, cada um seguiu. Nesse momento, eu respeitei a família e os 18 anos que a gente não se via. Vou guardar só coisas boas do Yuka. É um cara que faz falta para muita gente.”

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