Marcelle lança segundo disco, agora com canções autorais

Cantora de Sergipe não se equivoca ao amar demais

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Por Pedro Antunes
Atualização:

“Não consigo falar muito sobre mim e minha vida”, explica Marcelle, cujo sobrenome Fonseca não entra na persona artística dessa sergipana de 27 anos. Cantora e, pela primeira vez, compositora, ela vive de impulsos e necessidades de se testar. Foi assim que veio para São Paulo, entre 2010 e 2011, estudar (veja só!) direito. Desafiou os conselhos de terminar o curso para se aventurar pela publicidade. A música, quando enfim chegou, arrebatou. Falar de si, contudo, demorou.   Marcelle lançou, em 2012, One Oh 1, produzido por Dustan Gallas (do Cidadão Instigado) e o baterista Bruno Buarque. Um trabalho sem canções criadas por ela. “Não eram músicas sobre mim. Diziam o que outras pessoas escreveram. E as interpretava. Dessa vez, quis falar”, explica. É dessa vontade que se ergue Equivocada, o segundo disco da cantora. O álbum chega às plataformas digitais nesta sexta, 10, e tem seu show de lançamento marcado para 30 de março, no Z Carniceria. É nesse trabalho em que ela se abre, se expõe. Chora e ri com intensidade comovente. Há dois anos, Equivocada começou a nascer, aos pouquinhos, nessa vontade de transformar uma safra de versos escritos depois dos conselhos do músico Rafael Castro. “Vinha fazendo uma série de shows com ele (Rafael) e entendia que precisava compor minhas músicas”, ela explica. A ideia era que Castro fosse o produtor do disco. Com a agenda ocupada pela própria carreira solo, o músico abriu seu posto de produtor para o retorno de Gallas, para quem Marcelle também havia mostrado algumas de duas composições. 

Intensa. Agora, ela se abre, se expõe e comove sem a preocupação de estar sempre certa Foto: Nilton Fukuda/Estadão

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Marcelle levou os versos para a banda formada por Gallas (guitarra), Zé Nigro (baixo) e Samuel Fraga (bateria). Os quatro assinam 9 das 10 composições que estão no disco - a única exceção é Mais Calma, Eu Preciso de Um Tempo, que também conta com a participação de Léo Monstro.  E é justamente essa composição que mostra o que Marcelle tem de melhor a oferecer em Equivocada. A artista não se prende a convenções, rótulos ou gêneros. Mais Calma é uma faixa que cresce diante do medo. O medo diante de um amor sufocante. A cada estrofe, o eu lírico pede “mais calma, eu preciso de um tempo” para “fumar um cigarro”. “Falar de amor talvez seja uma deficiência minha como compositora, mas é algo que aproxima. É um tema universal. Qualquer um consegue se relacionar com o que estou tratando, com todo o drama que está ali no disco. Mesmo se você não tenha passado por isso, vai respeitar essa dor.” 

Na entrevista ao Estado, Marcelle se mostrava ansiosa com a estreia do disco nos palcos. Para alguém que tinha dificuldade em falar sobre si, cantar sobre o amor, dela ou dos outros, é uma experiência transformadora. “Sinto-me muito exposta cantando essas músicas. É tudo muito confessional”, diz. Ao chamar o disco de Equivocada, Marcelle se dá o direito de errar ao tratar de temas que são tão humanos - e, por isso mesmo, passíveis de equívocos. “Com esse título, me livro do peso de estar certa sobre qualquer coisa. Apenas entrego aquilo que as pessoa estão ouvindo. É um desabafo. Uma confissão, entende?” MARCELLE  Z Carniceria. Avenida Brigadeiro Faria Lima, 724, Pinheiros, tel. 2936-0934. 5ª (30/3), às 23h. R$ 15. MARCELLE 'Equivocada' Independente; plataformas digitais 

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