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Lula recebe "disco de ouro" em clima de tietagem

Presidente recebeu homenagem de artistas e representantes do setor fonográfico empenhados na aprovação da lei contra a pirataria. Lula trocou elogios e reclamou do alto preço dos CDs

Por Agencia Estado
Atualização:

Foi uma tietagem explícita dos dois lados. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu hoje, no Palácio do Planalto, um grupo de artistas populares, que esteve também no Congresso para agradecer a parlamentares a aprovação do projeto de lei contra crimes de falsificação de produtos fonográficos - a chamada lei contra a pirataria no mercado de discos. Durante a cerimônia de sanção do projeto, todos os artistas fizeram questão de tirar foto ao lado do presidente. "Morra de inveja!", disse Lula, em tom de brincadeira, ao fotógrafo da Presidência, Ricardo Stuckert, no momento em que posava ao lado da dançarina Sheila Mello, do grupo É o Tchan, que vestia um terninho branco decotado. A dançarina Sheila Carvalho, também do grupo É o Tchan, recebeu elogios de Lula. Ela usava um terninho vermelho, cor da bandeira do PT. "É uma homenagem ao presidente", explicou. O cantor e compositor Gabriel o Pensador cantou para o presidente trecho da música Cara Feia, incluída em seu novo CD. Os artistas deram a Lula um "disco de ouro". A cantora Alcione, que já tinha estado no Planalto na época de Fernando Henrique Cardoso, afirmou que a nova lei não resolve o problema, mas coloca um "parafuso nos falsificadores de discos". Segundo relato do vocalista da banda Jota Quest, Rogério Flausino, o presidente reclamou do preço dos CDs, inacessíveis para a maioria da população. O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Discos, Paulo Rosa, também presente à audiência, argumentou que o preços dos CDs no Brasil é inferior ao cobrado no exterior. Mas a entrada em vigor da nova lei, que aumenta a pena mínima para falsificadores de discos, poderia diminuir os prejuízos da indústria e, assim, os preços de venda dos produtos. O texto pune com penas de um a dois anos de reclusão os crimes de pirataria e estabelece medidas para a apreensão e destruição de bens intelectuais falsificados. A proposta foi apresentada pelo Executivo à Câmara em 1996 e aprovada em maio pelo Senado Federal. Inveja - No Congresso, o grupo de artistas entregou "discos de ouro" aos parlamentares que mais se empenharam na aprovação da proposta. Realizada no Salão Negro do Congresso, a comemoração foi descontraída. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), assegurou aos artistas que eles podem contar com a dupla "João e José" - referindo-se a ele mesmo e ao presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP) - na defesa dos direitos da categoria. "Quero dizer que esse foi o projeto que mais rapidamente tramitou no Congresso", afirmou. Na verdade, o projeto ficou seis anos na Câmara. No Senado é que a discussão durou só três meses. O líder do governo, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), conseguiu se sentar no local mais cobiçado da cerimônia, pela ótica do lado masculino, entre as dançarinas Sheila Mello e Sheila Carvalho do conjunto É o Tchan. "Vai aumentar a oposição, tamanha é a inveja do meu lugar", brincou o líder, que está propondo a criação de uma Frente Parlamentar em Defesa da Cultura.

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