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Luiz Melodia lança novo disco ao vivo

Três anos após Acústico Ao Vivo, sai Luiz Melodia Ao Vivo Convida, em que o compositor divide o palco com novos e antigos parceiros, como Gal, Elza e Zeca Pagodinho

Por Agencia Estado
Atualização:

Os mais afoitos podem até especular que bateu a preguiça em Luiz Melodia: três anos depois de lançar Acústico Ao Vivo (em 1999), o compositor carioca saca mais um disco tirado de show - agora ele traz Luiz Melodia Ao Vivo Convida, recheado de participações atraentes, entre elas, Zeca Pagodinho, Gal Costa, Zezé Motta e Elza Soares. Mas, ao contrário da crise criativa que levou uma porção de bandas roqueiras a apelar recentemente para os formatos ao vivo e/ou acústico, Luiz Melodia continua esbanjando talento. Se essa qualidade não se expressa tão claramente nas composições apresentadas por ele no oscilante álbum Retrato do Artista Quando Coisa (de 2001, o último dele de estúdio e de inéditas), ela sobra nas interpretações dele para alguns clássicos do longo da carreira. Com o dom de compor e interpretar com sofisticação, ele reafirma o dote. A maioria das músicas do disco melhora nas novas gravações. Estácio, Eu e Você, por exemplo, é apresentada aqui em um dueto com Zezé Motta e a canção cresce levada somente com voz e violão, acrescentando sutilezas à versão original (lançada originalmente no disco Pérola Negra, de 1973). A surpresa estende-se inclusive ao desempenho elegante da intérprete convidada. Menos surpreendente é a previsível ginga da dobradinha de Melodia com Zeca Pagodinho. Os versos de Poeta do Morro parecem feitos sob encomenda do primeiro para o segundo e a malandragem reverbera com classe no timbre de ambos. A combinação das vozes é tão boa que até causa a impressão de que o encontro entre os dois acabou demorando para acontecer. A mesma simbiose repete-se em Fadas, que traz Elza Soares como convidada - que havia gravado a faixa em seu Do Cóccix Até o Pescoço. Usando dos vocalises para imitar as frases dos dois violões que fazem o arranjo, a cantora brilha sem ofuscar o dono da festa. Um dueto e tanto que, guardadas as devidas proporções, chega até a remeter (na mistura de timbres) à clássica parceria do jazz norte-americano protagonizada por Louis Amstrong e Ella Fitzgerald. Sem acompanhantes, Luiz Melodia consegue manter o nível alto, especialmente nas interpretações para Farrapo Humano e Congênito. As duas dispensam outros instrumentos além do violão e se equiparam, em qualidade, às suas primeiras versões. A primeira, o cantor trata como rock de morro carioca. Na segunda - que na gravação original, de 1976, trazia o peso da Banda Black Rio -, Luiz Melodia despe a canção de todo o suingue instrumental, realçando a própria voz. O disco mostra um compositor em ascensão, aos 51 anos, mas nesse percurso ele sofre tropeços. O maior deles está na faixa Lorena, em que Melodia recebe seu filho e rapper, Mahal. O encontro do rap com a MPB já rendeu bons resultados - Leci Brandão e Rappin´ Hood, por exemplo - mas não vingou nesse dueto em família.

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