Luiz Gonzaga reinventado conquista o "Times"

Tributo a Luiz Gonzaga, lançado no Brasil há um ano e nos EUA há dois meses, foi eleito pelo jornal The New York Times como melhor disco da semana

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Na sexta-feira passada o crítico Ben Hatliff, do jornal The New York Times, elegeu Baião de Viramundo - Tributo a Luiz Gonzaga o melhor álbum da semana. O disco, lançado no Brasil pela gravadora YB! há cerca de um ano e no mercado norte-americano pela Stern´s Brasil há dois meses, conta com a participação do Nação Zumbi, Andréia Marquee, Otto, Mestre Ambrózio, Naná Vasconcelos, mundo livre S.A, entre outros. Segundo Maurício Tagliari, que ao lado de Pupilo, Marcelo Soares e Alex Antunes organizou e produziu o trabalho, foram reunidos para este disco os piores alunos da classe. Ele explica: "Todos que tocam beberam na fonte de Gonzaga, mas não fazem aquela leitura normal. Andréa Marquee, por exemplo, transformou Que nem Giló em um quase Dub". Lúcio Maia, guitarrista da Nação Zumbi, que no disco reinterpreta O Folé Roncou, acredita que há um motivo específico para esse reconhecimento, ainda que restrito. "Nos anos 90 houve um resgate de nossa consciência musical. A aceitação desta geração sempre foi boa, porque o trabalho tem força, auto-confiança, porque todos conhecem as suas raízes, foram em busca delas", afirma. "Com isso criamos um estilo". E completa: "Não adianta nada você dizer que gosta de música brasileira, ter todos os discos do João Gilberto, e tocar rock inglês na garagem", Surpresa - A crítica de Hatliff começa reconstituindo a carreira e a vida de Gonzaga. Atribui aos tropicalistas e a Elis Regina a responsabilidade de ter recuperado a obra do sertanejo cantador. Sobre os músicos e bandas que participam deste tributo, diz serem os principais nomes de uma nova e criativa cena brasileira que se concentra principalmente no nordeste e em São Paulo. Conclui com a seguinte afirmação: "Baião de Viramundo é uma forte mistura para o cérebro". O disco foi idealizado por Pupilo e Marcelo, donos do selo pernambucano Candeeiro Records. Conversaram com Tagliari, da YB!, que se apaixonou pelo projeto. Uma vez dentro, ele passou a ajudar na escolha do repertório e dos convidados. Essa parceria Candeeiro/YB! proporcionou que o disco fosse gravado metade em Recife, metade em São Paulo. "Eu costumo dizer que este é o disco dos sonhos. Temos um repertório bacana, gente bacana tocando, e fizemos do jeito que queríamos", diz Tagliari. Para ele foi uma surpresa ver o disco resenhado nas páginas do New York Times. "E esse reconhecimento só pode ocorrer porque Ben Hatliff é um cara muito antenado com o que vem ocorrendo no Brasil". Sem deixar de reconhecer os erros e acertos e ao mesmo tempo sem falsa modéstia, Tagliari, como Hatliff, acha que o disco consegue concentrar grande qualidade e variedade e, por isso, é tão bom. "Ele dá continuidade ao sonho angropofágico tropicalista. Há muito tempo não ouço nada tão bom.", conclui. Serviço: Baião de Viramundo - Tributo a Luiz Gonzaga, como é independente, muitas vezes não se encontra nas lojas. Há duas alternativas: Encomendar pelo telefone 38190044, ou no site www.alternetmusic.com.br

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.