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Los Hermanos negam estrelato em novo CD

Os criadores do hit Anna Julia resolveram não se render a hits pegajosos para lançar o novo Bloco do Eu Sozinho, mas não acertaram a mão

Por Agencia Estado
Atualização:

Anna Júlia não esperava fazer tanto estrago. A música que mostrou ao Los Hermanos o caminho da mina, embora refletisse só uma das faces da banda, virou uma incômoda cruz. Desde que lançaram seu primeiro disco, os músicos a tocaram umas três centenas de vezes, incluindo participações playback em programas de televisão. A piração começou assim que os rapazes entraram em estúdio dispostos a estudar para a prova do segundo disco. Fazer uma nova Anna Júlia ou enterrá-la? Tomar mais doses de rock sessentista? Tocar em rádios de rock alternativo ou aparecer no programa do Marcelo Augusto? E não é que os caras decidiram peitar as regras do mercadão? O novo disco da banda, Bloco do Eu Sozinho, é uma negação ao estrelato, um balde de gelo em quem esperava faturar novos milhões. A postura de enfrentamento é, hoje em dia, mérito pouco visto mesmo em roqueiros. "Reconheço que não é o disco da situação. Mas para a gente é muito mais satisfatório", conta o tecladista Bruno Medina. O Los Hermanos não tem mais um hit pegajoso. A linearidade do rock visceral na qual deitavam cedeu lugar a harmonias mais movimentadas. Instrumentos de sopro e percussão também são novidades. A frase de trombone que abre o disco (Todo Carnaval Tem Seu Fim) anuncia mudanças. E elas se seguem nas tentativas de criar um clima de canção hard (Casa Pré-Fabricada, Cadê teu Suin, A Flor). Histórias desagradáveis de bastidores, decorrentes de tanta novidade, pontuaram as gravações. A Abril Music, conforme conta Medina, não ficou muito feliz com o acabamento feito pelo produtor Chico Neves. "Preferimos refazer a mixagem, mas o Chico não se sentiu à vontade. Então fomos trabalhar com o Marcelo Sussekind." Antes disso, o baixista Patrick entrou em crise por não concordar com os rumos escolhidos pelos outros integrantes. Deixou a banda e foi substituído por Kassim, que gravou os baixos do disco. Nos shows, quem tocará o instrumento será Buzu. Tamanha ânsia pelo novo, encarado pelos músicos como missão, foi boa e má. Boa porque fez o grupo quebrar a cabeça. Aliás, o disco não tem regravações. Todas as 14 faixas são próprias e inéditas. O ruim é que tal mudança não fluiu naturalmente. Ninguém passa a fazer rock maduro de um disco para o outro. E o que era para ser ousado, acaba sendo chato, pretensioso.

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