A excelência do Rock in Rio sempre foi uma questão a ser estudada pelo Lollapalooza, festival que chegou à sua sétima edição neste fim de semana. No Rio, os ingressos se esgotam antes mesmo do anúncio de todas as atrações de cada um dos sete dias. O Lolla, com apenas um fim de semana, suava para esgotar suas entradas. A partir de 2017, quando passou a incluir atrações “nível Rock in Rio”, quando o assunto era massividade, tal qual o Metallica, o festival paulistano encontrou seu caminho. E ele, repetido em 2018, com êxito, se deve aos nomões que encabeçam essa edição do festival, realizado novamente no desconfortável Autódromo de Interlagos.
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E, enquanto os mais ligados nas novas tendências da música reclamavam, o Lollapalooza Brasil entregou o que a grande maioria queria. De quebra, incluiu-se mais uma data, algo feito somente em uma das outras sete edições. Na época, o resultado foi bem abaixo do esperado. Desta vez, o Lolla seguiu o seguro. Trouxe de volta duas das atrações principais da edição de 2013, Pearl Jam, headliner do sábado, e The Killers, incumbidos a encerrar a terceira e última noite de festival, neste domingo – a terceira atração foi o Red Hot Chili Peppers, atração do Rock in Rio 2017, em setembro.
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E o Lollapalooza não esconde nem teme essa “rockinriozação” pela qual eles passam nos últimos anos. O que importa, no fim das contas, e o alcance, é ter o tal “sold out”. Cada dia do Lollapalooza, de acordo com a organização do festival, reuniu 100 mil pessoas – a Cidade do Rock, do Rio de Janeiro, comporta 80 mil, no máximo. Portanto, 300 mil pessoas disseram, em alto e bom som, que quem quer atrações cheias de novidades talvez não entenda muito do show biz.
Afinal, qual festival repete duas das três maiores atrações, em cinco anos, e é capaz de dizer que vendeu todos os bilhetes? Só o Rock in Rio, que aparenta ter uma lista de artistas headliners, repetidos a cada dois anos. O esgotamento das três datas – com um público diário 20 mil pessoas maior do que o festival carioca – prova que Lolla criou um ecossistema próprio.
As atrações do domingo comprovam a teoria. Desde a primeira atração, às 11h45, com a banda brasileira Francisco, El Hombre, o número de público era maior e mais volumoso do que nos dias anteriores. Talvez fosse o impacto da banda, que tem uma música na novela das nove da TV Globo, O Outro Lado do Paraíso, mas o que importa é que, mesmo diante de um horário ruim, debaixo do sol escaldante e com um termômetro marcando acima dos 30ºC, o grupo conseguiu fazer sua euforia repleta de consciência para dar início ao dia de domingo.
Artistas brasileiros, como Braza, Mahmundi e Tiê, todos têm um pé no pop, donos de canções que poderiam tocar nas rádios – e, em muitos casos, como de Tiê e Mahmundi, já estão. A escalação dos artistas internacionais, a função é essa: colocar os ingressos para vender. E vendê-los aos montes. Por isso, o domingo teve Liam Gallagher, ex-vocalista do Oasis, já considerado o maior cantor do rock and roll, lá na segunda metade dos anos 2000. Sozinho, sem a banda Beady Eye, que ele também abandonou, o Gallagher cantor apostou em clássicos do Oasis, mais do que no seu disco solo, para agradar quem estava lá em busca do seu sobrenome famoso e sua história relevante nos anos 1990. Lana Del Rey também favoreceu o disco Born To Die, de 2012 e maior sucesso da carreira – o álbum lançado no ano passado, Lust For Life, foi o segundo mais lembrado na apresentação da moça.
O The Killers, principal atração da noite, seguiu pelo mesmo caminho. Fez sua farofa indie à lá Ivete Sangalo, com muitos gritos para serem repetidos pelo público. Hot Fuss, o primeiro disco dos outrora meninos de Las Vegas é o mais acionado na apresentação. Wonderful Wonderful, de 2017, foi lembrado apenas duas vezes. Não é ruim, pelo contrário, acerta na nostalgia desejada pelo festival.
O Lollapalooza deixa claro a opção pela inovação na sua escalação e na opção por colocar os artistas mais vanguardistas em um horário mais cedo, quando o gramado ainda não está tomado, mesmo que os nomes estejam surfando a onda do sucesso, como The Neighbourhood, atração do palco principal, e Khalid, que trouxe se soul e R&B para o palco Onix, ambos os shows ainda no meio da tarde. Inovação até existe, mas ela fica para segundo plano. É preciso garantir a lotação máxima. / GUILHERME SOBOTA, JOÃO PAULO CARVALHO, JULIO MARIA E PEDRO ANTUNES