Lollapalooza 2016: Eminem afugenta público e bandas menores se destacam
De acordo com a organização, primeiro dia do festival contou com um público de 85 mil pessoas
Por Pedro Antunes
Atualização:
O sol queimava a cabeça daqueles aventureiros que chegaram cedo ao primeiro dia da edição de 2016 do Lollapalooza, realizado neste sábado, 12, enquanto ótimos shows incendiavam ainda mais o Autódromo de Interlagos, cuja pista já estava queimando os pés de quem passava por lá. De uma forma que se mostrou sagaz, a programação do festival entendeu a necessidade de turbinar as atrações que dão início ao festival.
Em uma análise econômica simples, é compreensível apostar na força do line up completo, em vez de privilegiar grandes fortunas para os shows principais, como ocorreu na primeira edição, quando rumores dão conta de milhões de dólares em um leilão com outras produtoras para garantir a presença do Foo Fighters, em 2012.
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Desta vez, não. As coisas funcionaram de forma diferente. Eminem, o headliner da primeira noite, há tempos não faz uma sequência grande de shows. O último disco, Marshall Mathers LP 2, saiu há três anos e nem de longe alcançou o sucesso do passado. Ele, por mais que ostentasse o nome no lugar mais alto do pôster do festival, não é o único a criar pequenas catarses.
Pelo contrário, aliás. Depois de quarenta minutos de show, já era possível ver parte da massa se dirigindo às saídas do Autódromo de Interlagos. O rapper foi esperto, jogou o hitSing For The Moment logo para o início do set e garantiu que alguns ainda permanecessem por mais tempo. Com rimas impetuosas e velozes, ele não interage tanto com o público, mas entregou o suficiente para quem ficou até o fim. Antes de subir ao palco, Eminem proibiu que a imprensa fizesse fotos de sua apresentação e também que o show fosse transmitido na TV.
De acordo com a organização, 85 mil pessoas compareceram ao primeiro dia de festival, embora tenha sido muito mais fácil de se locomover desta vez do que nas edições anteriores.
O público brasileiro está, a cada ano, mostrando que sabe aproveitar um festival de grande porte. Com ingressos cujo preço, por dia, giravam em torno de R$ 400, é preciso aproveitar a experiência completa, se entregar às bandas às vezes desconhecidas. Vintage Trouble e Joy Formidable, escondidas no palco Axe Stage, eram as responsáveis por receber bem os visitantes – justamente de onde vinha o grande fluxo de entrada principal do festival.
Enquanto os meninos do Dônica fizeram um show para uma plateia tão jovem quanto eles, o duo The Baggios encarou um atraso de mais de 30 minutos por causa de problemas técnicos com maestria. Tocaram um set quase completo, sem medo de mostrar músicas inéditas e exibir até um formato mais experimental e progressivo. Grandes festivais trazem encontros inusitados – e divertidos até. Quem diria que o público de Mumford & Sons, Tame Impala ou Eminem poderiam curtir o metal escarrado do Matanza, veterana banda nacional?
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Lollapalooza Brasil 2016 - 1º dia
1 / 35Lollapalooza Brasil 2016 - 1º dia
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Mãos ao alto
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Descontração
The Joy Formidable: 'Demoramos muito a tocar aqui, mas a partir de agora não deixaremos vocês', disse Ritzy Bryan Foto: Rafael Arbex/ Estadão
Bom ser jovem
Qualquer coisa é motivo para se divertir, a juventude é assim, pular, cantar, dançar Foto: Rafael Arbex/ Estadão
Emoção
Eagles of Death Metalera a banda que se apresentava na casa de showsBataclan quando os atentados aterrorizaram Paris Foto: Serjão Carvalho/ Estadão
Vem que tem
Conforme a hora vai passando o público vai surgindo e a pista fica asim, cheia de gente Foto: Serjão Carvalho/ Estadão
Matador
O show do grupo Matanza foi à luz do dia, coisa rara de acordo com o vocal Foto: Rafael Arbex/ Estadão
Tudo dominado
Vocalista doVintage Trouble,Ty Taylor arrebatou o público com seu rock'n'soul e com sua performance incendiária Foto: Serjão Carvalho/ Estadão
Tudo dominado
Vocalista doVintage Trouble,Ty Taylor arrebatou o público com seu rock'n'soul e com sua performance incendiária Foto: Serjão Carvalho/ Estadão
Tudo dominado
Vocalista doVintage Trouble,Ty Taylor arrebatou o público com seu rock'n'soul e com sua performance incendiária Foto: Serjão Carvalho/ Estadão
Tudo dominado
Vocalista doVintage Trouble,Ty Taylor arrebatou o público com seu rock'n'soul e com sua performance incendiária Foto: Serjão Carvalho
Tudo dominado
Vocalista doVintage Trouble,Ty Taylor arrebatou o público com seu rock'n'soul e com sua performance incendiária Foto: Serjão Carvalho/ Estadão
Tudo dominado
Vocalista do Vintage Trouble,Ty Taylor arrebatou o público com seu rock'n'soul e com sua performance incendiária Foto: Serjão Carvalho / Estadão
Esquentando
Show do Matanza, no palco Skol Stage, empolgou o público Foto: Rafael Arbex/ Estadão
Vale tudo
Imagens do público que conferiu a banda Matanza, no primeiro dia de festival Foto: Rafael Arbex/ Estadão
Da terra
Os meninos da banda Dônica tiveram público igualmente jovem Foto: Festival Lollapalooza 2016
Problemas técnicos
A banda prejudicada foi o ótimo duo de Sergipe The Baggios, escalado para o primeiro show, no Palco Skol Foto: Serjão Carvalho/ESTADÃO
Público jovem
Festival Lollapalooza 2016 começa com dia ensolarado Foto: Serjão Carvalho/ESTADÃO
Na pista
Início do festival não mostrava grande público Foto: Serjão Carvalho/ESTADÃO
Dando fome
Matandoa fome, afinal o Lollapalooza começou na hora do almoço Foto: Serjão Carvalho/ESTADÃO
Universo jovem
Festival é o momento de soltar as feras, diversão e diversidade, público quer ser feliz Foto: Serjão Carvalho/ESTADÃO
No aguardo
Público esperando a abertura dos portões no primeiro dia de Lollapalooza 2016 Foto: Serjão Carvalho/ESTADÃO
Os primeiros
Garotada não pensou duas vezes, fila para esperar a abertura dos portões Foto: Serjão Carvalho/ESTADÃO
Público chegando para o primeiro dia do festival Lollapalooza 2016
Público chegando para o primeiro dia do festival Lollapalooza 2016 Foto: Serjao Carvalho | ESTADÃO
Quase lá dentro
Lollapalooza 2016 - Portões foram abertospontualmente abertos às 11h deste sábado, no Autódromo de Interlagos Foto: Rafael Arbex/ESTADÃO
Inegável, contudo, a força do Eagles of Death Metal. Ovacionado do começo ao fim. Existe uma clara simpatia pelo o que a banda passou nos últimos meses, com o ataque terrorista à casa de shows Bataclan, em Paris, em novembro passado, mas nenhuma banda seria capaz de manter essa empolgação de público se não fosse boa. Além da banda competente, Hughes é a estrela do show. Magrelo, alto, bigodão capaz de deixar os caminhoneiros norte-americanos dos anos 1980 com inveja, o líder do grupo dança de forma desengonçada, com suas pernas e seus braços longos demais. Carismático, sem dúvida.
A mesma comoção, em maiores proporções, mas não tão emocionante no sentido mais humano da palavra, Tame Impala e Mumford & Sons fizeram sua estreia no festival. A primeira, australiana, já veio ao Brasil, mas nunca para um público tão numeroso. Psicodelia, que nunca foi o forte do Lollapalooza, ganhou ao experimentar sua vertente mais contemporânea.
Curiosamente, enquanto as canções do terceiro disco do Tame Impala, chamado Currents, lançado no ano passado, foram as mais comemoradas, o álbum de mesmo número do Mumford & Sons, grupo britânico que agora se aventura no rock, deixando o banjo e o folk de lado, vacila. As canções, baladas mais tristonhas e melancólicas, enfraquecem justamente a força da performance do grupo. O segredo de Marcus Mumford, líder do grupo, é estar com o violão na mão. Ali, parece um gigante que o Eminem não se mostrou ser./ COLABORARAM JULIO MARIA, JOÃO PAULO CARVALHO E RENATO VIEIRA