Lollapalooza 2016: Eagles of Death Metal espanta fantasmas do Bataclan e convoca libélulas

Além da banda competente, Hughes é a estrela do show

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Por Pedro Antunes
Atualização:
Eagles of Death Metal não apresenta pudores em brincar com o rock and roll Foto: Serjão Carvalho | Estadão

Libélulas? Sim, exatamente. A dança dos insetos voadores, sobre a plateia presente em peso em frente ao palco Onix Stage, foi um show à parte, enquanto o Eagles of Death Metal mostrava o motivo pelo qual eles devem garantir um espaço entre os melhores shows do Lollapalooza 2016, nesta primeira tarde de festival, neste sábado, 12.  Uma nuvem formada pelas libélulas dançaram durante toda a performance, dando susto em alguns cujos queixos estavam caídos diante da potente e divertida massa sonora do EODM, uma banda que não apresenta pudores em brincar com o rock and roll.  Adorado entre os indies, o Eagles of Death Metal faz piada com o rock, no bom sentindo, entenda. São bons sacanas, pelo menos o que o catolicismo de Jesse Hughes, líder do grupo, permite. Rock promíscuo, divertido, sem se levar à sério demais.  A apresentação em São Paulo, nesta segunda vinda à cidade, é especial. O Eagles of Death Metal era a banda que se apresentava na casa de shows francesa Bataclan quando os atentados aterrorizaram a capital da França, em novembro do ano passado.  A contagem macabra totalizou 89 mortos e mais de 200 feridos somente naquele espaço. Todos da banda sobreviveram, mas não sem cicatrizes psicológicas. Todos fazem terapia desde então, para afugentar os fantasmas que costumam surgir em seus sonhos, durante o sono ou acordados. E o fazem da melhor maneira que conhecem: ao som de guitarras pesadas.  Ovacionados, do começo ao fim. Inegável que exista uma simpatia maior pelo o que a banda passou nos últimos meses, mas nenhuma banda seria capaz de manter essa empolgação de público se não fosse realmente boa. De uma forma bizarra, a exposição trouxe novos ouvidos ao som do EODM, e eles entregam mais do que qualquer um espera.  Além da banda competente, Hughes é a estrela do show. Magrelo, alto, bigodão capaz de deixar os caminhoneiros norte-americanos dos anos 1980 com inveja, o líder do grupo dança de forma desengonçada, com suas pernas e braços longos demais. E, quando elogiava o público completamente entregue, parecia legítimo até nas frases mais preparadas. Ninguém estava pronto para aquela catarse coletiva.  Zipper Down, o mais recente disco deles, do ano passado, comprova a fama de novatos de uma banda já veterana. Quem conheceu o Eagles of Death Metal recentemente caiu de cabeça num disco delicioso, o mais inspirado da banda criada por Hughes e Joshua Homme, do Queens of The Stone Age, embora o segundo dificilmente participe de turnês. A grande ausência de Homme está nos vocais, e no auxílio a Hughes, cuja voz precisa de mais apoio do que recebe ao vivo.  Existe um concorrente forte ao posto de melhor show da noite, senhoras e senhores. E, bom, eles tocaram sob o forte sol das 15h. 

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