Lobão muda sua trincheira para São Paulo

Envolvido com a briga pelos direitos autorais, o músico carioca, de 44 anos, vai deixar o Rio de Janeiro. "Quero invadir as rádios paulistanas", diz

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Por Agencia Estado
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Fórum Mundial da Música, numeração de discos, turné norte-americana e - ufa! - mudança do Rio de Janeiro para São Paulo prevista para o final de agosto. O carioca João Luís Woerdebag Filho, mais conhecido como Lobão, diz que mesmo se quisesse, não poderia ter um filho agora com sua mulher, Regina Lopes. "A gente já se consome muito um ao outro", explica o músico. "E para falar a verdade, a gente não tem nem tempo, nem grana para fazer um filho. Quando a gente ficar mais velho, talvez a gente venha a pensar em adotar uma criança." Casado há 11 anos com Regina - que trabalha junto com Lobão na divulgação e administação do selo independente, Universo Paralelo -, o músico já tem uma filha (segundo ele, "de 13 ou 14 anos") de seu casamento anterior e alguns cachorros. "Cara, eu gosto mesmo de cachorro." Aos 44 anos, ele nunca esteve com a rotina tão sobrecarregada. Porta-voz da classe artística no apoio ao projeto de lei que regulamenta a numeração de discos, tem se encontrado diariamente com a sambista Beth Carvalho no esforço de reunir o máximo de assinaturas de artistas para "moralizar a questão dos direitos autorais". Seu empenho na causa acabou comprometendo um outro plano, que é de se mudar para São Paulo. "A gente já tinha escolhido um ´apezinho´ lindo em Pinheiros mas, infelizmente, acabamos perdendo porque demoramos em agilizar toda a parte burocrática", lamenta. "Estamos brigando 20 horas por dia pela numeração." Morador do Rio de Janeiro desde sempre, ele diz não ter nenhuma resistência em deixar a cidade. "Não tenho nenhum trauma com isso. Gosto muito da cidade mas eu quero expandir o núcleo da Universo Paralelo", diz, eufórico. "Eu quero chacoalhar a cena da música independente em São Paulo. Tem mais coisas acontecendo, é uma cidade mais aberta que o Rio." Nos planos de Lobão, estão um esforço para "invadir" as rádios da cidade e um intercâmbio maior com grupos e artistas sem gravadora. "Meus dois últimos discos não tocaram no rádio e eu quero descobrir o porquê. Até porque o público jovem já deve estar cansado de escutar Sultans of Swing, do Dire Straits", reclama, sem deixar de lançar uma crítica às rádios rock do País. "Chegando em São Paulo, vou levar os meus discos e outros produtos da cena independente para as rádios. Não queremos mais ficar marginalizados." Lobão só não sabe ainda qual será exatamente sua estratégia para conseguir seu espaço no dial. "Eu sou muito intuitivo e algo me diz que a hora é de ir para São Paulo. O rock brasileiro não começou em 1982? Pois é: eu acho que 2002, 20 anos depois, pode ser um ano bom para repensar a cena", divaga. "E a cena atual é muito rica. Quem dera se a geração de 82 tivesse um milésimo do potencial que as bandas independentes têm hoje." Shows nos EUA - Entre o fim de julho e o começo de agosto, no entanto, o músico embarca para os Estados Unidos - onde fará uma série de no mínimo dez apresentações, em cidades como Miami, Washington, Nova York e Boston. Ele já fez shows no país em 1984 e 1997. "Da primeira vez era um público mais internacional, meio frio", lembra. "Já em 97 eu encontrei uma platéia totalmente brasileira, parecia que eu estava em Araçatuba. Dessa vez eu estou esperando uma coisa meio híbrida, brasileiros e americanos." Em meio a tantos projetos, metas e compromissos, Lobão conseguiu se envolver recentemente com mais uma atividade. Em uma reunião com o governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra, para discutir a questão da numeração dos discos, o músico sugeriu a criação do Fórum Mundial da Música - que terá um espaço na programação do Fórum Mundial Social, que acorre em janeiro, em Porto Alegre. "Sou um palpiteiro de plantão e o governador gostou da idéia. A idéia é trocar informações com profissionais de outros países."

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