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Lia de Itamaracá puxa ciranda em Santa Tereza

Por Agencia Estado
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Quatro décadas depois de seu sucesso na voz de Teca Calazans, nos anos 60, a cirandeira pernambucana Lia de Itamaracá chega a seu primeiro CD. Depois de estrear o show no início da semana na Sala Funarte, ela mostra Lia de Itamaracá neste sábado no Parque das Ruínas, mirante do bairro de Santa Tereza, grátis. Vestida de Iemanjá, de quem se diz filha, voz grave e sorriso largo, Lia magnetiza por seu porte de realeza negra, do alto de 1,80 m de altura. Seu retorno aos palcos cariocas contou com a participação nos vocais da cantora Cristina Buarque de Holanda e com um grande número de pessoas que se renderam ao ritmo e tomaram as galerias para dançar a ciranda da Ilha de Itamaracá, cuja coreografia reproduz um círculo com o movimento das ondas do mar. A cidade do Rio de Janeiro foi importante na produção deste trabalho. Foi aqui, em 1998, que Lia gravou ao vivo dez das 14 faixas do álbum. E a cidade até mereceu de Lia uma canção, ainda inédita, que interpretou neste show e que pretende gravar em seu próximo trabalho: "Vim aqui para o Rio de Janeiro/Eu vinha para Santa Tereza/É aqui que se encontram os artistas nordestinos da beleza brasileira". Bastante entusiasmada com seu momento profissional, Lia vai à França mostrar sua ciranda na Duvan Monde, em Paris. Depois lança seu CD na Alemanha e já tem confirmada sua ida ao Japão, ainda sem data. Carnaval - "Depois de tudo que passei, estou vivendo um momento glorioso", analisa. Conta que conheceu Teca Calazans em 1962. Cinco anos depois, a interpretação de uma de suas cirandas estourou em todo Brasil. "E eu não ganhei um tostão de direito autoral", lamenta. "Mais tarde ainda tive que ouvir o compositor pernambucano Baracho dizer que esta ciranda era sua." Lia canta desde os 12 anos. Na Ilha de Itamaracá, a ciranda é cantada nas festas do padroeiro de igreja e no ritmo das festas juninas, São João e do Natal. "Agora quero cantar ciranda no ritmo de carnaval", anima-se. O repertório deste CD traz a marca do local onde nasceu Lia, uma colônia de pescadores onde a principal referência é o mar. Além das cirandas de sua autoria, o trabalho traz maracatus e côcos dos compositores populares Capiba, Baracho, João de Aguabiraba, Zé da Velha, e versos de domínio público. "Segundo os historiadores, a ciranda veio do norte da península ibérica para desembarcar em Pernambuco, em especial na Ilha de Itamaracá, onde adquiriu características de uma ciranda praieira, com muita saia rodada, babados e cores brilhantes." Quem explica é o empresário pernambucano Beto Hees, responsável pela volta de Lia aos palcos. Beto espera poder arrecadar com shows e patrocínios pelo menos R$ 10.800,00. É o que precisa para retirar da fábrica mais três mil unidades do CD. "Lia gravou o primeiro e único vinil em 1977, e este CD independente já necessita de uma segunda tiragem." Lia de Itamaracá - Parque das Ruínas (R. Murtinho Nobre, 169, Tels.: 21 - 252 10 39). Dia 15, às 18 horas, grátis.

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