Laudo provará que não houve overdose, garante família

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A família da cantora Cássia Eller, que morreu ontem aos 39 anos no Rio de Janeiro, anunciou que faz questão de mostrar, com o laudo do Instituto Médico Legal, que as paradas cardíacas, que levaram a morte da cantora, não foram causadas por uso de drogas, mas por um problema que ela tinha desde criança. Uma das irmãs de Cássia, Carla Eller, disse hoje que a família não quer que paire nenhuma dúvida sobre a possibilidade de a cantora ter sido vítima de overdose. "Cássia teve reumatismo quando pequena e isso causou um problema cardíaco. Ela estava se tratando, autorizamos a necropsia para que não restassem dúvidas", afirmou. O laudo do IML deve ficar pronto em 20 dias. A irmã da cantora contestou também a versão de que Cássia teria se sentido mal repentinamente. Segundo Carla, a irmã passou mal em casa por volta das nove horas da manhã de ontem, quando pediu a integrantes de sua banda que a levassem para um hospital. O local escolhido foi a Casa de Saúde Santa Maria, em Laranjeiras, próxima à casa da cantora. "Cheguei a falar com Cássia pelo telefone quando ela já estava internada e ela parecia bem, só queria sair da clínica e nos encontrar". Músicos que acompanhavam Cássia confirmaram que ela estava sem beber ou fazendo uso de drogas há alguns meses. Carla explicou que as crises da cantora ocorreram todas dentro da própria clínica Santa Maria, onde ela foi internada às 11 horas, sendo que a primeira "parada cardíaca forte" ocorreu por volta de 15h30. Cássia Eller morreu às 19h05 de ontem, após uma terceira parada cardíaca. Quando falou com Cássia, Carla percebeu que ela tinha dificuldade de respirar, "como se fosse uma crise de asma." A mãe da cantora, Nancy, soube que o quadro se agravara muito quando estava a caminho do Rio de Janeiro, procedente de Belo Horizonte. Carla, os três irmãos, seus pais e sobrinhos passariam o réveillon com Cássia, que faria um show na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio. A família passou o Natal reunida em Brasília. Após as festas natalinas, parte da família retornou a Belo Horizonte e a cantora regressou ao Rio no dia 27, para ensaios para o show do réveillon. "Ela era a irmãzona, sempre cuidou da gente e dizia que era responsável por nós. Foi ela que combinou de todos virmos para o Rio passar o ano novo juntos", disse. Segundo Carla, o filho da cantora, Francisco, o "Chicão", de 8 anos, está em Brasília com Eugênia Vieira Martins, que vivia há 13 anos com Cássia. De acordo com Carla, ainda não há definição sobre quem ficará com a guarda do menino. Madrugada - Logo depois da morte de Cássia, às 19h05 de sábado, e durante toda a madrugada, a comoção dos amigos e parentes da cantora aliou-se a uma enorme apreensão. A pedido dos pais e irmãos da cantora, nenhuma informação foi transmitida à imprensa, o que acabou gerando uma série de informações desencontradas. A começar pela chegada da cantora à casa de saúde. Havia versões de que Cássia tinha chegado caminhando, acompanhada de uma amiga. Outras diziam que um carro a deixou na porta do hospital. Somente na tarde de ontem a família esclareceu que Cássia foi levada por um dos músicos de sua banda. A pergunta mais freqüente entre dezenas de fãs que ficaram na porta da casa de saúde até a 1 hora da manhã, quando o corpo foi levado para o Instituto Médico Legal, era o motivo de Cássia ter sido levada a uma clínica pequena e que, apesar de mais de 50 anos de existência, tem pouca tradição no atendimento de emergência. A falta de informações não só por parte da família, mas também do corpo médico, aumentaram as dúvidas e especulações. Carla, irmã de Cássia, disse que a cantora, desde o início da internação, foi acompanhada por um médico particular, além da equipe de plantão na Casa de Saúde Santa Maria. O tumulto na porta da clínica, na Rua das Laranjeiras, a principal do bairro, fez a Polícia Militar manter dois carros com seis policiais de plantão até a remoção do corpo da cantora. Houve engarrafamento e dois pequenos incidentes: um atropelamento e a pequena batida de dois carros. Uma das primeiras amigas a chegar à Casa de Saúde foi a cantora Zélia Duncan, que só saiu quando o carro do IML deixou a clínica. "As circunstâncias da morte não têm importância. Fica a dor e o vazio. Ela sempre mostrou que não gostava de julgamentos, então não cabe a nós julgá-la", declarou Zélia hoje. Às 23h20, chegaram o ministro da Cultura, Francisco Weffort, e a secretária estadual de Cultura do Rio, Helena Severo. Pouco depois, o deputado federal Fernando Gabeira (PT-RJ), que foi chamado pela família para ajudar a intermediar o contado com a polícia. Três policiais civis ficaram durante mais quatro horas no hospital. Todos saíram, depois da 1 hora, sem dar declarações. "Só lamento a morte de Cássia Eller", disse Weffort, que saiu acompanhado de Helena Severo logo depois da remoção do corpo cantora. Do IML, o corpo de Cássia Eller foi levado para uma sala da Funerária Jardim da Barra, no bairro da Taquara, em Jacarepaguá e, de lá, seguiu no começo da manhã para o Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, zona oeste da cidade. Cássia faria um show na virada do ano, na praia da Barra da Tijuca. Na tarde de sexta-feira, ela esteve na produtora Olhaí Produções, onde fez um balanço do ano com companheiros do ano de 2001 e acertou os detalhes para o ensaio que faria hoje, por volta das 15 horas, no palco montado pela prefeitura. A cantora não fez nenhum pedido especial para o camarim ou para o dia do show.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.