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King Crimson comemora 50 anos com lançamentos, Rock in Rio e filme

Documentário será lançado no fim do ano e, por 50 semanas, banda lançará digitalmente takes novos ou raros

Por Guilherme Sobota
Atualização:

É uma característica única da geração do King Crimson (bandas que começaram nos anos 1960): eles são os primeiros grupos da música pop a completar 50 anos de atividade. Para os inventores do rock progressivo na Inglaterra, a data significa uma série de projetos, novos lançamentos e uma turnê global de 50 shows que desembarca no Brasil no fim do ano: por enquanto, com uma data confirmada no Rock in Rio 2019, no dia 6 de outubro.

Os oito integrantes atuais do King Crimson Foto: Rock in Rio

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A lista de lançamentos é extensa. Um novo documentário, Cosmic F*Kc, será lançado também no fim do ano, com uma trilha sonora de acompanhamento. Outros projetos incluem uma caixa do primeiro disco da banda, In the Court of the Crimson King, de 1969, outra caixa de DVDs e Blu-Ray sobre o período do final dos anos 1990 até 2008 (uma fase da banda anterior à atual), o relançamento de uma edição expandida da biografia escrita por Sid Smith, há tempos fora de circulação, novos itens de merchandise e outros souvenirs.

Por 50 semanas, a banda vai lançar digitalmente um “novo, raro ou take alternativo do catálogo”, com introduções do produtor de longa data David Singleton (duas já estão disponíveis: 21st Century Schizoid Man e Thela Hun Ginjeet).

De uma ligação desde Kingston, Nova York, onde tem residência, mas um dia antes de sair à estrada, onde passa a maior parte do tempo, o baixista Tony Levin – companheiro de Robert Fripp no King Crimson há 37 anos – explica que a turnê manterá o formato atual da banda: oito integrantes, e uma linha de três bateristas que se posicionam à frente do palco, enquanto os outros cinco, atrás, se revezam entre instrumentos tradicionais, como guitarra, baixo e saxofone, até peças menos ortodoxas, como o Chapman stick (uma mistura de baixo e guitarra, sem corpo), e o Mellotron (espécie de teclado polifônico popular nos anos 1960).

“É ótimo ter a chance de explorar o catálogo do King Crimson, mas o mais importante para mim é que nos aproximamos dele de uma forma nova, como se fossem novas canções”, diz Levin – aos 72 anos, o americano natural de Boston tem um currículo impressionante que inclui sessões em centenas de álbuns e parcerias com nomes como John Lennon, David Bowie, Lou Reed, Tom Waits e Cher (e Peter Gabriel, com quem já tocou no Brasil). 

A influência do King Crimson no rock feito a partir dos anos 1970 é imensa: Yes e Genesis bebem direto dessa fonte, e mais recentemente grupos diversos como Tool, Mars Volta e Flaming Lips citaram a banda como inspiração — os mais jovens talvez liguem a música mais conhecida da banda a Kanye West, que usou um sample de 21st Century Schizoid Man em Power, de 2010.

“Nunca tentamos ser populares ou agradar aos fãs”, diz Levin. “Robert (Gripp) tem uma visão muito particular para a banda, sempre olhando para o futuro. Trabalhamos muito para apresentar uma versão das músicas que seja a melhor que podemos fazer, é um trabalho mais árduo do que em qualquer banda que já toquei.”

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O baixista, que esteve em São Paulo em agosto de 2018 com sua banda Stick Men, conta que até a manhã do show do King Crimson no Rock in Rio ele não saberá exatamente o que vai acontecer no palco. “Para um baixista, tocar com três bateristas é um desafio enorme. No começo, achei que teria pouco espaço, mas nos ensaios percebi que na verdade existe uma liberdade grande”, diz.

O músico explica ainda que os fãs da banda são “leais”, mesmo com o impulso contínuo de mudanças radicais que moveram a banda entre os lançamentos nos últimos 50 anos. Essa lealdade será colocada à prova, finalmente e pela primeira vez, em solo brasileiro.

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