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Kid Abelha lança disco de inéditas

Surf é o primeiro trabalho da banda pop de Paula Toller na Universal Music, a maior gravadora do País, e o primeiro de inéditas desde Autolove, de 1998

Por Agencia Estado
Atualização:

Surf, o novo CD do Kid Abelha e o primeiro pela gravadora Universal Music, é, sobretudo, um trabalho de propósitos francos. "Somos uma banda de estrada. Em Autolove (1998), perdemos um pouco dessa medida, fizemos um disco difícil para ser levado para o palco", analisa George Israel, co-autor de todas as composições inéditas. "Este é dosado, tem as músicas que funcionam no show e as mais sofisticadas." A franqueza do grupo soa como maturidade musical, diferente do cinismo de certas bandas da sua geração, como os Titãs. O disco anterior, Coleção (2000), esboçava acomodação com releituras de músicas praticamente obscuras e geniais. Entretanto, o grupo tinha alguns argumentos para fazê-lo. Era a despedida da gravadora Warner, com a qual o Kid foi introduzido no mercado fonográfico, no início dos anos 80. Coleção passou em branco. Surf inicia o novo ciclo com vigor. As 12 composições foram feitas em cerca de quatro meses, no ano passado. "Gosto muito dessa intensidade, de criar com ímpeto. Isso deu unidade", afirma Paula, autora das letras do grupo. Ela conta que tinha rascunhos e músicas prontas, mas se desfez, por não acreditar no valor emocional e artístico desse material. A única remanescente foi Solidão, Bom Dia!. "Desde a nossa parada no ano passado, além das mudanças de gravadora, tive momentos pessoais delicados. O que havia feito não fazia mais sentido com o jeito que eu passei a encarar. A alegria ganhou outra dimensão, a tristeza também", conta ela. "Esses sentimentos, que cercam a vida da gente em períodos distintos, ficaram mais verdadeiros para mim e, mesmo que sutis, se mostram nas músicas. Ou na minha avaliação sobre os sentidos de cada uma." Embora haja mudança na forma de Paula encarar determinadas emoções, Surf não difere do estilo desprendido de bandeiras estéticas, pop e refinado do Kid Abelha. "Quando componho, penso que a nossa profissão é tocar no palco", diz ela. Para isso, o grupo tem um princípio rígido há 19 anos: fazer canções. "Apesar de estarmos dentro do formato rock, com banda, desde o começo nós nunca nos encaixamos numa tendência. As canções sempre foram o cerne. Sempre teve mais valor do que a atitude rock-n´-roll e outras coisas da nossa geração", diz Israel. "Nossa música parte da simplificação máxima. Se a canção funciona bem no violão, então estamos no caminho certo", completa o guitarrista Bruno Fortunato. A estrutura das canções continua fundamental para a banda. "Preocupo-me com a poética, mas gosto de escrever simples, com olhar subjetivo, mas com clareza e musicalidade", afirma Paula. O ponto de vista da compositora também destoa de alguns da sua geração, que se mostram mais críticos sobre a realidade. "Acho que tenho uma visão mais romântica. Quando comecei a criar para Surf fui querendo imaginar sensações de quem anda na rua, observa a ressaca do mar. Não quis descrever, como a Fernanda (Abreu) faz, até porque esse não é o meu forte." Sobre isso, Paula afirma não querer usar a música como instrumento político e, aos poucos, quer ser mais atuante, mais cidadã. Surf tem acabamento de primeira. Além da produção de Israel, o grupo chamou Memê e Max de Castro e cada um produziu duas músicas. Memê, segundo Israel, quis propor algo inédito. "Ficamos muito felizes com o esforço dele em fazer algo inventivo", diz. "Já o Max conseguiu dar o tratamento soul verdadeiro que o grupo tentava e não conseguia."

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