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Kevin Mahogany traz a SP "algumas belas canções"

Por Agencia Estado
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Ao telefone, a voz de Kevin Mahogany, que se apresenta entre os dias 14 e 16 no Bourbon Street Music Club (Rua dos Chanés, 127, Moema, tel. 5561-1643 e 542-1927), dentro do projeto Diners Club Jazz Nigths, consegue ser tão, ou mais, impressionante daquela à qual os ouvintes de seus sete álbuns têm acesso. A questão é a seguinte: se apenas falando à reportagem, em tom gravíssimo, sobre sua segunda vinda ao Brasil, ele já confirma pertencer ao mesmo "clube barítono" de outros privilegiados como Joe Willians ou Isaac Hayes, imagine o sujeito cantando ao vivo? "Todos poderão ver do que se trata nos shows do Bourbon Street, mas também não é assim como as pessoas falam, eu apenas canto algumas belas canções", despista ele, presença constante nas listas dos melhores cantores de jazz dos últimos anos. As belas canções às quais ele se refere são as que fazem parte de seu álbum mais recente, My Romance (Warner). No registro lançado em 1998, Kevin Mahogany dá um banho de bom gosto e diversidade ao interpretar standards do jazz , como Everything I Have Is Yours (imortalizada pela voz de Billie Holiday), How Did She Look?, do grande compositor Gladys Shelley, e Lush Life (gravada também por Nat King Cole), e composições, por assim dizer, do universo pop como Don´t Let Me Be Lonely Tonight, de James Taylor, e Wild Honey, de Van Morrison. Tudo isso, como o próprio nome do disco sugere, envolto numa atmosfera de romantismo e elegância. "Fiz a escolha do repertório em parceria com o produtor do disco Matt Pierson. Ele fez algumas sugestões que realmente vinham de encontro com as minhas mais diversas preferências musicais", continua. "No show, além das músicas desse álbum, quero mostrar alguma coisa dos anteriores e, quem sabe, algumas versões para composições de César Camargo Mariano, Milton Nascimento ou Tom Jobim", diz ele revelando adorar o som da língua portuguesa, apesar de não compreender uma palavra do idioma. "Traduzo as músicas para entendê-las, ainda vou aprender", garante. O cantor e compositor Ivan Lins é também citado como predileto. "Há algumas semanas ele esteve tocando num show no Carnegie Hall, mas infelizmente não pude ir, gosto muito dele." Robert Altman - Saudado por publicações especializadas, como as revistas Down Beat e Jazz Times, e veículos menos segmentados como The New Yorker, L.A. Times e USA Today, que lhe deu em 1996 quatro estrelas por seu disco de estréia na multinacional norte-americana, após outros três álbuns lançados pelo selo independente alemão Ejna, o músico já deu sua contribuição à sétima arte. Kevin Mahogany pôde ser visto atuando no filme Kansas City, verdadeiro tributo cinematográfico ao jazz assinado pelo diretor Robert Altman. Ele vive um personagem inspirado no músico Big Joe Turner. No elenco estão ainda os contemporâneos Joshua Redman e T.S. Monk, entre outros, representando papéis de jazzistas da velha-guarda. "Trabalhar com Robert Altman foi muito tranqüilo, ele é uma pessoa muito fácil de se tratar." Então foi um belo início de carreira cinematográfica? "Não posso chamar essa participação de carreira cinematográfica, pois foi apenas um filme (isso sem contar o filme Jazz 34 que trazia as jam sessions realizadas durante as gravações de Kansas City), mas adoraria participar de outra produção, gostei da experiência." Intérprete - Ainda que apareça em seus discos como crooner, Kevin Mahogany é multiinstrumentista. "Comecei como instrumentista, mas com o passar do tempo fui direcionando-me mais ao canto; hoje reconheço ser essa a minha verdadeira forma de expressão", diz ele, que aparece como vocalista convidado em registros como Some of My Best Friends Are Singers, do contrabaixista Ray Brown, It Don´t Mean a Thing, do baterista Elvin Jones, e Eastwood after Hours, projeto do ator e diretor Clint Eastwood. Composições próprias também não seduzem o músico. "Não costumo compor muito, sou intérprete e, como já disse o canto é o meu foco principal." Nada mais legítimo para alguém que começou a estudar música ainda no berço - nasceu em 1958 em Kansas City. Na primeira infância era um precoce clarinetista. Aos 12 anos foi membro de uma big band e aos 14 era aluno aplicado da Charlie Parker Foundation. Nesse período, estudou piano, saxofone e tocou em três bandas de jazz do colégio. Só quando entrou na universidade, em 1976, começou a pensar na possibilidade de cantar. À época, influenciado pela soul music e pelo blues, fundou um coral universitário e ao término do curso da Baker University, que o graduou em Música e Teatro Inglês, já dava pistas de que o lado de multiinstrumentista seria deixado de lado. Para as apresentações no Brasil, Kevin Mahogany estará acompanhado pelo pianista Bob James, o contrabaixista Charles Fambrough, o baterista Billy Kilson e os saxofonistas Kirk Whalum e Michael Brecker.

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