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Keith Richards lança 'Crosseyed Heart' em 18 de setembro

Este é o terceiro disco sem os Stones; o 2º álbum é de 1992

Por Randy Lewis - LOS ANGELES TIMES
Atualização:

NOVA YORK - Keith Richards pegou um maço de cigarros da mesa do café na sua frente, retirou o celofane e acendeu o primeiro de uma longa série, enquanto conversava sobre Crosseyed Heart, seu primeiro álbum solo em cerca de 25 anos, uma rara aventura longe de sua identidade musical de guitarrista, compositor e também cantor dos Rolling Stones. Embora tenha sido concluído há um ano e meio, o álbum será finalmente lançado na sexta-feira, dia 18 de setembro. Richards, de 71 anos, está estudando a possibilidade de fazer alguns shows solos neste fim de ano, talvez até mesmo uma breve excursão, uma vez que a próxima série de shows dos Stones, na América do Sul, poderá estender-se de outubro e novembro até janeiro.  O 4.º entre os 100 maiores guitarristas de todos os tempos, segundo a revista Rolling Stone, começou a trabalhar em Crosseyed Heart em 2011, mais ou menos na época em que sua autobiografia, Vida, de 2010, se tornou um best-seller internacional. “O livro foi a coisa mais difícil que fiz na minha vida”, disse. Ele dividiu o trabalho de recuperação de sua vida com a composição de novas músicas com o seu coprodutor e principal colaborador, Steve Jordan. 

Honesto. 'Mick (Jagger) não é o máximo nas baladas, mas eu adoro. Não é à toa que escrevi 'Angie' ou 'Ruby Tuesday' Foto: Mario Anzuoni/Reuters

A voz rouca de Richards e o seu cuidadoso trabalho com a guitarra, que é sua assinatura, são fundamentais em Crosseyed Heart, e ele ainda toca baixo e teclado em algumas faixas. Também chamou alguns músicos que tocaram em suas excursões solos anteriores com a banda que ele chamou X-Pensive Winos: o guitarrista Waddy Wachtel, o tecladista Ivan Neville e a cantora Sarah Dash. Entre os convidados estão Aaron Neville, dos Neville Brothers de New Orleans, o famoso saxofonista dos Stones, Bobby Keys (que morreu em dezembro) e a cantora Norah Jones, que faz coro com Richards em Illusion, uma das seis baladas do álbum. “Mick (Jagger) não é o máximo nas baladas, mas adoro baladas. Não é à toa que escrevi Angie ou Ruby Tuesday”, contou ele, com uma risadinha.  Richards é bastante honesto sobre o seu companheiro de banda e parceiro de tantas canções quanto na avaliação de seus pontos fortes e fracos. Falando de suas limitações vocais: “Minha voz sempre foi problemática. Tenho consciência de que minha extensão é limitada, mas a de Bob Dylan também é”. Como todo mundo sabe, Keith Richards já tomou sua dose de substâncias - legais e ilegais -, mas continua aqui, em grande forma, rindo facilmente, e, muitas vezes durante a entrevista, comentando que algumas décadas passaram sem que ele gravasse um disco separadamente dos Stones desde Main Offender, de 1992. Este foi seu segundo trabalho solo, depois de Talk Is Cheap, de 1988, que estabeleceu a sua identidade solo. Os temas de Crosseyed Heart vão do romance lascivo (a trilha do título) até o perdão, a renovação (Heartstopper), aos percalços quase cômicos da vida real (Amnesia) e a importância da honestidade num relacionamento (Illusion). Amnesia refere-se a um tombo de Richards em 2006, nas Ilhas Fiji, que a imprensa noticiou amplamente, acrescentando que ele caíra de um coqueiro.  À pergunta se há coisas de sua vida que ele lamenta, inicialmente ele brinca: “Não sei, esqueci!”. Depois para, e sua voz adquire um tom mais sombrio. “Perdi um filho”, conta. Tara Jo-Jo Gunne teve morte súbita, aos 2 meses, em 1976. “É muita dor.” O fato de Richards mostrar-se desarmado diante de praticamente todo tipo de assunto, também impressionou o documentarista Morgan Neville, que dirigiu um filme da Netflix Keith Richards - Under the Influence, que também estreia em 18 de setembro, assim como o disco Crosseyed Heart. “O que tornou o filme tão legal é que Keith, hoje, está numa situação legal. Não se queixa de nada. É raro um famoso ser tão aberto e honesto”, comentou  Em Under the Influence, Neville afirmou que seu objetivo foi fazer um documentário atemporal à sua maneira, sem estar preso ao álbum. “O filme fala mais do ponto em que Keith se encontra agora, do processo de feitura do álbum e do processo de criar música.” / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

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