Kate Nash vai direto ao ponto, e convence

Cantora britânica mostra grande empatia com seu público, predominantemente feminino, e segura a onda no HSBC Brasil

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Por Jotabê Medeiros
Atualização:

SÃO PAULO - Havia uma espécie de manto cobrindo o tecladinho de Kate Nash, um pano cheio de lâmpadas de filamento acesas costuradas nele, tipo um camarim de boate.

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Kate Nash é uma ordinary girl, e esse é seu grande trunfo. "Gente como a gente" para as meninas da plateia, ela invadiu o palco do HSBC Brasil 15 minutos antes de começar o show para checar detalhes técnicos, em meio a gritinhos, e meteu mesmo a mão na massa.

 

Ao entrar de verdade em cena, com um coraçãozinho preto pintado no rosto e uma canga do Brasil nas mãos, ela bebia algo que parecia um vinho rosé e falava de igual para igual com suas meninas encantadas. Tocou teclados, violão e guitarra. Nas músicas mais apimentadas, como Do-Wah-Doo e Kiss That Girrrl, ela sabia que podia contar com o auxílio da plateia, e que seu êxito está justamente nessa cumplicidade. Don't You Wanna Share the Guilt (Não quer dividir a culpa?), diz uma de suas músicas, sentimento que toda garota urbana independente já viveu na vida.

 

A banda era boa, tinha peso e sangue. Kate alternava momentos de conhecimento técnico do alt-rock cheio de distorção com baladas-manifestos adolescentes. Fez suspense - quando será que iria tocar seu maior hit, Foundations? Não tinha pressa, ia colocando as canções do disco novo, My Best Friend is You, no inicio do show, para catequizar o público.

 

Kate é fofa, mas não é babona. Tem um descompromisso interessante, um despojamento e um frescor que não deixa a gente antever seu futuro (será que ainda estará por aí no próximo verão?), mas ela mesma não parece se preocupar a mínima com isso. Aproveitou a brecha aberta por Lily Allen, mas é um pouco mais preparada - o punk colorido também é informado, e até um certo clima Sonic Youth comparecia aqui e ali. O HSBC não esteve cheio, e havia uma pista VIP enorme que pegava quase metade da pista. Dava para perceber que há mais garotas entre seus fãs, e que todo mundo está familizarizado com sua franja, seus drinques no palco e seu repertório de dois discos - não fazia diferença se ela tava tocando I Just Love You More ou Mouthwash, tudo era gritado junto.

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