Karnak muda o visual

A banda de André Abujamra apresenta-se neste fim de semana no Sesc Pompéia com novo figurino, produzido em parceria com a grife M. Officer. É o lançamento do CD Estamos adorando Tokio, que será vendido somente em bancas de jornal e pela Internet

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Por Agencia Estado
Atualização:

Esqueça o característico chapelão felpudo de André Abujamra. O Karnak, que se apresenta de sexta a domingo, no Teatro do Sesc Pompéia, mudou o figurino e, para o lançamento do CD Estamos Adorando Tokio, optou pela sobriedade. "Não estamos mais tão obcecados com a questão visual", diz Abujamra, que junto à grife M.Officer, assina o novo visual do grupo. Segundo ele, a atenção agora está voltada para a melodia e para a poética das canções. "Somos muito loucos e plurais, mas ao mesmo tempo sempre falamos coisas bonitas nas letras", continua. "Nessa época de zapping televisivo as pessoas passam batidas pela poesia.´´ As mudanças estendem-se também ao modo como o terceiro CD foi feito. Na produção, sai a mão onipresente de Abujamra em favor da maior participação da banda no processo, em especial do baixista Sérgio Bartolo. O terceiro produtor do disco é Evaldo Luna. "O trabalho soa mais como um disco de banda mesmo", observa. Continuando nas novidades, Estamos Adorando Tokio será vendido exclusivamente em bancas de jornal e pela Internet. Mas, diferentemente de Lobão, que para o seu A Vida é Doce montou o próprio selo, essa não se trata de uma guinada independente do grupo. O CD é o primeiro lançamento da Net Records, que até o final do ano coloca no mercado os álbuns do Vulgue Tostoi e do Autoload. "É a primeira vez que o Karnak é tratado com carinho, o investimento da gravadora no grupo é de R$ 80 mil", revela. "Independentes éramos nos dois primeiros discos", lembra ele, referindo-se aos álbuns Karnak (Tinitus) e Universo Umbigo (Velas). Em contrapartida, Abujamra garante que não há uma preocupação estritamente mercadológica. "Achava que os primeiros discos eram pop e iriam vender milhões". Ele conta, por exemplo, que o primeiro disco demorou a acontecer, mesmo amparado por prêmios como os de banda revelação da MTV e da APCA entre muitos aplausos da crítica. O entusiasmo especializado pôde ser visto até mesmo nas páginas do The New York Times e na parada Word Music da revista CMJ. Com isso, para o músico, o que muda é a expectativa de todos com relação ao trabalho. "Não estamos esperando fama e nem fortuna, queremos sim é perpetuar a espécie." Especificidades à parte, o grupo apresentará o repertório esquizofrênico, e bom, de Estamos Adorando Tokio. Com destaque para Mediócritas, 3 Aliens, We Need Nothing, Zoo, Maria Inês e Feio/Bonito. Esta última revive a parceria entre Abujamra e Maurício Pereira, com quem formou, nos anos 80, o grupo Os Mulheres Negras. "Sou suspeito para falar, mas o Maurício é um dos maiores poetas da minha geração." No mais, Abujamra e seus companheiros de Karnak, com os carimbos dos Estados Unidos, Canadá e França no passaporte, continuam a perseguir um sonho antigo. "Fazemos turnês internacionais mas nunca tocamos no Acre ou em Curitiba", lamenta. Karnak - Sexta e Sábado, às 21 horas; e domingo, às 18 horas. De R$ 8,50 a R$ 13,00. Sesc Pompéia. Rua Clélia, 93, tel. 3871-7700. Até 22/10

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