Joyce lança "Gafieira Moderna" no Rio

O disco que sai pelo selo Biscoito Fino, saiu em junho na Europa, pela gravadora inglesa Far Our e agradou. Como o nome diz, a cantora visita os bailes populares brasileiros

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Por Agencia Estado
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Finalmente, a cantora e compositora Joyce lança no Brasil um disco só com músicas inéditas, como queria há tempos. Gafieira Moderna, do selo Biscoito Fino, saiu em junho na Europa, pela gravadora inglesa Far Our, agradou a críticos e fez sucesso nas pistas de dança. Mas Joyce, que se apresenta desta quinta-feira até domingo na Sala Baden Powell, em Copacabana, zona sul do Rio, não acha que esse êxito determinou o carreira do disco aqui. "É uma questão de momento. Há uma juventude que quer ouvir e fazer música brasileira de qualidade e uma gravadora para investir nessa área. Lá fora, a reação ao disco foi maravilhosa, vamos ver o que acontece aqui", diz Joyce. "Fiz outros discos com músicas minhas, mas só saíram fora do Brasil. Aqui, a maioria das gravadoras só quer o que já foi testado." Como o nome diz, Gafieira Moderna visita os bailes populares brasileiros, com uma linguagem puxada para o jazz. É também uma homenagem de Joyce aos músicos surgidos nas orquestras que tocam nesses ambientes, muitos deles estrelas da música instrumental. "Desde a minha infância, a gafieira tradicional me interessou. Até hoje, muitos de seus músicos, especialmente os de sopros, são os melhores do País", diz Joyce. Uma das músicas, Pega Leve, é paródia ao samba Estatutos da Gafieira, de Billy Blanco, verdadeiro glossário de comportamento nesses bailes. São nove sambas, baiões e outros ritmos de salão, em que metais dialogam com a voz da cantora. Sete músicas têm letra e música só dela e as outras três são de letristas escolhidos a dedo. Paulo César Pinheiro escreveu os versos de Quatro Elementos, que exalta os ritmos dançantes. A décima música, Risco, é uma canção romântica, com melodia da flautista Léa Freire e letra de Joyce, que não acredita mais em canções românticas, mas que, nesse caso, admite ter tido uma ´recaída´. Samba da Sílvia tem uma história especial. Há alguns anos, Joyce musicou o pequeno poema do refrão, escrito por sua amiga Sílvia Sangirardi, figurinista e poeta falecida nos anos 90, que agitava a vida cultural da cidade. "Depois, fiz uma colagem de outros poemas, como num samba de roda, e chamei a Elza Soares para cantar porque a letra tem tudo a ver com ela. Elza é a rainha da gafieira moderna", conta Joyce. Para gravar as dez faixas, Joyce se reuniu com os músicos no estúdio e registrou todos os instrumentos juntos, como se fosse num show (ou baile), prática rara entre músicos, que preferem a segurança de gravar em separado e depois consertar o que não ficou bom. "Desta vez não foi preciso, porque a gente só chamou quem sabe das coisas", diz ela. "Sempre gostei de gravar com os músicos tocando todos juntos, inclusive a voz, porque fica mais quente. Quase todos os meus discos são assim." No show, Joyce canta o repertório do disco acompanhada de alguns músicos que estiveram no estúdio: tem o violão da própria Joyce, Tuti Moreno na bateria, Rodolfo Stroeter no baixo Teco Cardoso no sax e flauta, e Nailor Proveta no sax e clarineta. "Há momentos em que fazemos duetos e trios com os sopros e a voz que ficaram bem interessantes", afirma Joyce. Ela pretende cantar também seus antigos sucessos, que o público sempre exige, como M. Binot e Feminina. Em abril, Joyce e o grupo viajam pela Europa e no segundo semestre vão para Japão e Estados Unidos. São Paulo talvez assista ao show antes, se houver data. Esse show estrearia logo depois do carnaval, mas a cantora foi uma das milhares de vítimas cariocas da dengue e teve de adiar seu encontro com os paulistas.

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