PUBLICIDADE

Jorge Drexler: 'Sentir-se vivo implica em desarmar-se, recomeçar'

O cantor, que está em turnê com 'Tinta y Tiempo' e se apresenta em São Paulo em setembro, conta que metade das canções do disco fala de algo que recomeça

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Com 14 álbuns, e podendo se dedicar a cantar apenas seus maiores sucessos, é "sentir-se vivo novamente" que leva o uruguaio Jorge Drexler a iniciar uma turnê mundial que deixa para trás a sombra da pandemia e celebra em suas canções “a pulsão de vida".

Assim se expressou em Montevidéu o cantor e compositor radicado em Madri, que, depois de estrear a turnê de seu último álbum em Girona (Espanha) em 22 de abril, disse estar muito ansioso pelos shows que fará na Argentina a partir desta sexta-feira, 6.

Jorge Drexler volta ao seu país e fala sobre sua nova turnê em Montevidéu Foto: Raúl Martínez/EFE

Em entrevista coletiva, o vencedor de sete Grammys Latinos, que aproveitou suas apresentações em Buenos Aires para se reunir com sua família e amigos na capital uruguaia, refletiu sobre o processo criativo por trás de Tinta y Tiempo, álbum nascido em uma pandemia, mas determinado a procurar o lado positivo.

PUBLICIDADE

Assim, o autor de Codo con Codo (Cotovelo com Cotovelo), canção criada no confinamento sobre como deveria ser reinventada a saudação diária, que finalmente não entrou no álbum, decidiu mudar o foco no meio do caminho e escrever "sobre as coisas que lhe faziam falta".

"Não queria arrastar aquela mochila cheia de incertezas e de medo e ficar contando isso", frisou Drexler, que vai se apresentar pela primeira vez na capital argentina com uma banda paritária entre homens e mulheres.

Apesar da crise de autoestima que, segundo disse, sempre vive na hora de compor, mas a pandemia reforçou, Drexler comentou que o ato criativo “é absolutamente mágico”, razão pela qual o álbum celebra, desde a sua própria capa, a “página em branco”, aquela que, como acrescentou, "vence quase todas as batalhas".

"Só estou mostrando as dez que ganhei, mas há outras 90 que a página em branco ganhou", declarou, salientando que para escrever é preciso "se meter no nada", em uma crise da qual só lhe tirará a "pulsão de vida", a qual considera sinônimo do "amor" de que trata em suas canções.

Publicidade

"Eu poderia parar de escrever e continuar em turnê sem novas músicas (...); já poderia me dedicar aos greatest hits (grandes sucessos) (...) mas gosto de sentir que estou vivo", enfatizou.

Nesse sentido, o autor de Todo se Transforma e Eco frisou que, após 30 anos fazendo músicas, está "muito entediado" de si mesmo e gosta de "experimentar coisas novas", o que também explica sua colaboração com o rapper C Tangana , uma das quatro em Tinta y Tiempo.

Além disso, Drexler, que disse ter passado o fim de semana em Montevidéu assistindo teatro e candombe, ressaltou que se considera parte da longa tradição de músicos uruguaios que buscam misturar "raiz e presente"; algo que capturou explicitamente no novo álbum com músicas como Tocarte e Oh, Algoritmo!.

"Sentir-se vivo implica em desarmar-se, recomeçar. Metade das canções fala de algo que recomeça: Cinturón Blanco, voltar a ser principiante; Bendito Desconcierto, voltar a desconcertar-se no mesmo ritual", explicou Drexler, cuja nova turnê também passará pelo Brasil. 

(Jorge Drexler anunciou shows no dia 24 de setembro, no Vibra São Paulo, e dia 25 em Porto Alegre). 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.