Jorge Ben Jor, entre sons eletrônicos e filosofia

Após 8 anos de jejum, Reactivus Amor Est (Turba Philosophorum) é o novo CD de inéditas do cantor, incluindo O Nome do Rei É Pelé, feito para o documentário do ex-jogador

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Pouco antes do início da entrevista, para divulgar seu novo CD Reactivus Amor Est (Turba Philosophorum), o cantor e compositor Jorge Ben Jor ensaia um ritual. Pega o copo que está a seu lado e oferta um pouco do líquido que está nele para o santo, antes de bebê-lo. Cena para lá de inusitada, principalmente porque o ritual foi feito com um copo cheio de guaraná, sobre o carpete de uma das salas da gravadora Universal. Mas Ben Jor é uma figura assim mesmo despojada, que não gosta de revelar a idade, muito menos detalhes sobre sua vida pessoal. Já quando o assunto é carreira e música, Ben Jor fica mais confortável. Ele retorna satisfeito ao mercado fonográfico após oito anos de jejum sem um CD somente de inéditas. Tudo bem que nesse ínterim músicas suas foram gravadas por outros intérpretes e ele próprio lançou o álbum Acústico MTV - mas neste caso, foi uma revisita desplugada a velhos sucessos. Reactivus Amor Est (Turba Philosophorum) não é o melhor trabalho de sua discografia, no entanto, é nele que um Ben Jor dos violões experimentais flerta com os recursos eletrônicos. "Fiquei sem lançar inéditas todo esse tempo? Nem percebi passarem tantos anos", brinca. "Estou me dedicando a esse disco há três anos, parte dele foi pensada durante minhas viagens à Europa, aos sons que eu estava ouvindo. Músicas com sons brasileiros, hip hop americano, sem imitações." Nesse novo disco, Ben Jor abriu mão da banda completa. Usou poucos músicos e a maioria deles ficou concentrada nos instrumentos de percussão e nos vocais. O resto esteve a cargo dele e das programações digitais, sintetizadores e similares. Mesmo moderno nos recursos, conceitualmente ou mesmo na temática, Jorge Ben Jor não consegue se distanciar de velhos álbuns. Sobretudo quando lembramos, por exemplo, de A Tábua de Esmeralda (de 1972, que traz letras místicas e filosóficas como Os Alquimistas Estão Chegando). Apesar de tudo, Ben Jor mostra também que o suingue ainda corre em suas veias, em músicas como Hoje É Dia de Festa e Janaína Argentina. Retoma o misticismo e a religiosidade em O Rei da Rosa Cruz, Gabriel, Rafael, Miguel e Turba Philosophorum. Faz a própria versão de Mexe Mexe, composição sua gravada primeiro pelo Mundo Livre S/A. E ainda canta O Nome do Rei É Pelé, feito para documentário sobre o ex-jogador.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.