Jorge Aragão mostra seu samba em SP

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Por Agencia Estado
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Vivendo uma prolongada, mas, na sua opinião, inesperada onda de sucesso, o sambista Jorge Aragão volta a São Paulo para apresentar Todas, o seu 14.º álbum de carreira. Os shows, que contarão com o apoio eficiente de sua banda, são hoje e amanhã, às 22h, no Olympia. Embora as apresentações sejam baseadas no repertório quase todo inédito de Todas, algumas faixas do disco não irão para o palco. Entre as programadas, devem agradar mais o samba Doce Amizade, que já está nas rádios do País inteiro, e a regravação do hit Você Abusou (de Antônio Carlos e Jocafi). Dos sucessos antigos, números obrigatórios de suas apresentações, vale a pena dar uma atenção especial a Malandro, a primeira música de Jorge Aragão a ser gravada em meados da década de 70. Fundador do grupo Fundo de Quintal, Jorge Aragão construiu uma sólida reputação no mundo do samba, principalmente por seu bom trabalho como compositor. Entre as obras de sua autoria estão sambas famosos, como Coisinha do Pai, Enredo do meu Samba, Alvará, Vou Festejar e até a conhecidíssima vinheta Carnaval Globeleza. Aconteceu que, subitamente, depois de mais de vinte anos de trabalho na música, Jorge Aragão tornou-se uma verdadeira mania nacional. Sua recente ascensão pode ser explicada, em parte, pela procura do público brasileiro por um samba mais autêntico, diferente do pagode que reinou nos últimos anos. Mas para se ter uma idéia mais exata da repercussão que Jorge Aragão alcançou, basta dizer que Todas já chegou às lojas com mais de 250 mil cópias vendidas. A relação do sambista com a glória no show biz, porém, não é um mar de rosas: "Se eu tivesse 20 anos, não seria diferente desses garotos que estão fazendo sucesso. Mas, hoje, sei que estou numa cadeira que não é minha, que é passageira e que, daqui a pouco, vou sair para que o dono de uma outra grande vendagem possa se sentar", reflete Jorge. Instrumentista preciso - O novo disco marca a volta de Jorge ao trabalho de compositor. Todas mostra que, na criação musical, tarefa em que o sambista mais se destaca, Jorge continua com a mesma competência. E ele não esconde sua preferência por esse trabalho: "Se eu pudesse me aposentar de cantar, já teria me aposentado", garante. Além de mostrar bons sambas, Jorge Aragão saiu-se bem num xote, Rede Velha, num samba-rock, Hot-Saia, e num samba-funk, Ser Maravilhoso. Antecipando-se às possíveis acusações de oportunismo, o sambista afirma: "Eu sempre criei em gêneros diferentes e por isso o disco se chama Todas, pois traz as minhas diferentes vertentes musicais. O xote, por exemplo, é verdadeiro e original: não preciso dessa música para ganhar dinheiro". Uma outra face de Jorge Aragão que vem aflorando aos poucos é sua habilidade como cavaquinista. Embalado pela ótima receptividade do público para com sua versão instrumental de Ave Maria, o sambista decidiu incluir no novo disco um medley de clássicos de Valdir Azevedo (Pedacinhos do Céu/Delicado). Embora Jorge desconverse, dizendo "eu não conseguiria fazer um décimo do que faz esse pessoal que eu vejo tocando chorinho na TV", suas despretensiosas interpretações de choro mostram um instrumentista preciso e de suíngue suficiente para não fazer feio em nenhuma roda do Brasil. O número instrumental também está prometido para os shows do Olympia. Jorge Aragão no Olympia (Rua Clélia, 1517, Lapa, tel.: 3866-3000). Hoje e amanhã, às 22. Ingressos de R$ 40 a R$ 100.

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