Cantora Joni Mitchell anuncia saída do Spotify em apoio a Neil Young

'Pessoas irresponsáveis estão espalhando mentiras que estão custando a vida das pessoas', escreveu ela depois que o site foi acusado de espalhar desinformação sobre vacinas

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Por Ben Sisario
Atualização:
'Sou solidária com Neil Young e as comunidades científicas e médicas globais nesta questão', afirma a cantora Joni Mitchell Foto: FREDERICK M. BROWN / AFP

Joni Mitchell disse na última sexta-feira, 28, que removeria sua música do Spotify, juntando-se a Neil Young em seu protesto contra o serviço de streaming por seu papel em fornecer uma plataforma à desinformação sobre a vacina Covid-19.

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Mitchell, uma estimada cantora e compositora de músicas como “Big Yellow Taxi”, e cujo álbum histórico “Blue” acabou de completar 50 anos, postou uma breve declaração em seu site dizendo que removeria sua música do serviço de streaming. “Pessoas irresponsáveis estão espalhando mentiras que estão custando a vida das pessoas”, escreveu ela. “Sou solidária com Neil Young e as comunidades científicas e médicas globais nesta questão.”

Sua declaração adiciona combustível a uma pequena, mas crescente revolta contra o Spotify, com poucos grandes artistas se manifestando, mas os fãs comentando amplamente nas mídias sociais. O debate também trouxe à tona questões sobre quanto poder os artistas exercem para controlar a distribuição de seu trabalho e a questão sempre espinhosa da liberdade de expressão online.

O Spotify retirou a música de Young na quarta-feira, 26, dois dias depois que ele postou uma carta aberta pedindo sua remoção como protesto contra “The Joe Rogan Experience”, o podcast mais popular da plataforma, que foi criticado por espalhar desinformação sobre o coronavírus e vacinas.

Ele fez isso depois que um grupo de centenas de cientistas, professores e especialistas em saúde pública pediu ao Spotify para retirar um episódio do programa de Rogan de 31 de dezembro que apresentava o Dr. Robert Malone, especialista em doenças infecciosas. Os cientistas escreveram em uma carta pública que o programa promovia “várias falsidades sobre as vacinas Covid-19”.

Neil Young (esq) retirou suas músicas do Spotify; ele pediu que a empresa agisse contra o podcaster Joe Rogan, por seu conteúdo antivacina. Foto: Alice Chiche and Carmen Mandato / AFP

Mitchell é o primeiro grande artista a seguir Young, depois de alguns dias de especulações e rumores nas redes sociais.

Young e Mitchell têm uma história profunda juntos. Ambos são canadenses que ajudaram a liderar a revolução dos cantores e compositores no sul da Califórnia no final dos anos 1960 e 1970.

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No Spotify, Mitchell está listada como tendo 3,7 milhões de ouvintes mensais, com duas de suas músicas – “Big Yellow Taxi” e “A Case of You” – recebendo mais de 100 milhões de streams.

Os rivais da tecnologia também atacaram a controvérsia, com a SiriusXM reiniciando um canal Neil Young e a Apple Music se autodenominando “a casa de Neil Young”.

Em uma declaração em seu site na sexta-feira, Young reiterou suas objeções ao podcast de Rogan e deu uma olhada na qualidade do som do Spotify. Ele também disse que apoia a liberdade de expressão.

“Eu apoio a liberdade de expressão. Nunca fui a favor da censura”, disse. “As empresas privadas têm o direito de escolher com o que lucrar, assim como eu posso optar por não ter minha música suportando uma plataforma que dissemina informações prejudiciais.”/TRADUÇÃO ANA LOURENÇO

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