"João Bosco", um songbook em três volumes

Um dos maiores intérpretes e compositores da MPB, autor de clássicos como Papel Marchê e O Bêbado e a Equilibrista, João Bosco teve sua obra reunida no último songbook produzido por Almir Chediak, que morreu em maio

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Por Agencia Estado
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A festa de lançamento do songbook de João Bosco nesta terça-feira, no Teatro Rival, será quase completa. Faltará o mentor de tudo, o produtor Almir Chediak, assassinado há três meses e meio, dois dias após terminar o trabalho, que levou 14 anos para concluir. Será também uma festa familiar, pela presença de Ângela, mulher de João, de seus dois filhos, Chico (seu parceiro musical) e Júlia, uma publicitária, e os muitos amigos que eles reúnem em prolongados saraus em casa, na zona sul do Rio. Além, é claro, dos mais de cem músicos que participaram do projeto. Aos 30 anos de carreira, João Bosco nunca foi de olhar para trás e os três livros e três CDs fizeram o balanço desse tempo. "Não sou de ouvir disco meu antigo. O bacana no songbook é você fazer isso com prazer. Ouvir com outros intérpretes é uma novidade bacana, uma sensação bonita", disse ele na sexta-feira, em entrevista ao Estado. "Voce levanta as situações que a música provocou na sua vida. E, nos livros, nos livros, se depara com detalhes da sua vida que o biógrafo sabe mais do que você. O songbook é uma cortina que se abre num tempo que se foi." Selecionar o repertório e as 46 canções foi um processo natural. "Não existiram critérios, eles foram se formando. O Almir ouviu tudo mas não mostrou sua lista, esperou eu sugerir 20 músicas, óbvias. Escolher os intérpretes também foi interessante. A Ana Carolina ia cantar Holofote e o Zeca Baleiro pediu Linha de Passe, mas uma fã lhe pediu para gravar Das Dores da Oratória, e eu dei Linha de Passe para Ana Carolina que adorou porque já a cantava há anos, com um arranjo todo dela. " Algumas músicas tinham dono definido. Chico Buarque disse que adorava cantar Incompatibilidade de Gênios e Gilberto Gil classificou Odilê, Odilá como indispensável no repertório brasileiro. "Dois pra lá, dois pra cá era do Cauby Peixoto porque ele é o meu ídolo, comecei cantando suas músicas. Esse bolero vem dele e volta a ele", contou João Bosco, lembrando curiosidades das gravações. "O Milton Nascimento dizia que não devia cantar Caça à Raposa por ser do repertório da Elis Regina e fez um arranjo que entrou para o dele. O Zeca Pagodinho gravou Boca de Sapo em duas sessões porque ao se deparar com a situação da letra, pediu tempo para fazer uns trabalhos em casa e voltar para cantá-la." Aldir Blanc se entusiasmou com o projeto, mas a emoção o impediu de participar mais. Por isso, pediu a João para cantar junto O Bêbado e a Equilibrista. "Ele era o intérprete. Fui ouvi-lo cantar, dar-lhe um abraço e me colocaram também para cantar", ressaltou João.

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