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Jimmy Page legitima clone Black Crowes

Guitarrista participa do álbum que chega agora ao Brasil Live at The Greek, gravado em turnê da banda acusada de imitar o Led Zeppelin

Por Agencia Estado
Atualização:

A banda norte-americana Black Crowes sempre foi acusada pelos críticos de vampirizar a obra da banda inglesa Led Zeppelin, farol do hard rock dos anos 70. Em outubro do ano passado, no entanto, Jimmy Page, guitarrista do próprio Led Zeppelin, ocupou-se de dar legitimidade ao clone musical, fazendo uma turnê com os Crowes e gravando com o grupo o CD duplo Live at the Greek, ao vivo. É aquele caso de uma cópia tão boa que a matriz vem render-lhe homenagem. Live at The Greek (EMI/TVT Records) chega agora às importadoras e vem mostrar pelo menos duas coisas. A primeira é que Jimmy Page continua sendo uma referência obrigatória no mundo da guitarra, seja como músico, compositor ou produtor. É irretocável, épico e inovador seu solo blueseiro em Woke Up This Morning, canção de B.B. King, a quarta faixa. A segunda coisa é que não se pode mesmo querer que a história se repita senão como farsa. Chris Robinson, o vocalista do Black Crowes, decalque esforçado de Robert Plant - o vocalista do Led Zeppelin -, bem que se esforça, mas o seu esforço é apenas tocante, nunca arrebatador. Live at the Greek foi gravado durante duas noites num anfiteatro de Los Angeles. Page empunha guitarras com Rich Robinson e Audley Freed. O baterista é Steve Gorman, o tecladista é Ed Harsch e o baixista é Sven Pipien. Eles imprimem um clima de improvisação, de jam session ao CD, que funciona bem e possibilita uma audição agradável, para cima. Desde que o Led Zeppelin acabou, em 1980, Jimmy Page tem alternado projetos solos e outros em colaboração. Em 1994, ele se reuniu com seu antigo parceiro Plant, gravou canções e excursionou com um repertório zeppeliniano, gravando novas composições e participando de um MTV Unplugged - que virou show, intitulado Unledded, e disco, No Quarter. Incêndio existencial - Nascido em Heston, Inglaterra, em 1944, James Patrick Page começou a tocar guitarra ainda garoto imberbe em Londres, tocando como músico de aluguel para inúmeras sessões de gravação de discos e em shows. Sua contribuição à história do rock é imensa, incontestável - criou sintaxe e estilo, linguagem e floreio, verbo e palavra. Seu encontro com os Black Crowes é um sintoma de sua generosidade artística. É tocante o suporte que o guitarrista dá à felicidade adolescente de Chris Robinson em faixas como Ten Years Gone, na qual o rapazola mostra que apenas intui o que foi o incêndio existencial de Robert Plant no passado. A banda Black Crowes, de Atlanta, tem início em dezembro de 1983, quando, aos 15 anos, o guitarrista Rich Robinson foi presenteado com uma guitarra no Natal. A partir dali, ele passou a compor com seu irmão Chris, de 18 anos. Os dois já tinham pedigree: o pai era Stan Robinson, um cantor pop que teve seus dias de glória nos anos 50. No começo, eles chamaram a banda de Mr. Crowe´s Garden, e fizeram seu primeiro show ainda em meados dos anos 80, em Chattanooga, uma cidade a duas horas de Atlanta, na Georgia. Sua perspectiva era simples: fazer um som baseado naquilo que mais ouviam, um leque que ia de Bob Dylan a Byrds e Big Star. Nich Robinson dizia-se especialmente influenciado por Nick Drake, músico de preferências acústicas. Em 1988, tocando em um show em Nova York, a dupla foi descoberta pelo selo A&R Records. Um ano depois, eles se tornavam uma nova banda, com nome novo e uma nova sonoridade, baseada ainda no folk. Além dos irmãos Robinson, a recém-formada Black Crowes trazia Jeff Cease na segunda guitarra, Johnny Colt no baixo e Steve Gorman na bateria. A parceria com Jimmy Page rendeu um disco muito simpático, especialmente para quem gosta de blues. É como se Page estivesse revisitando algumas das coisas que usou nos anos 60 e 70 e depois transmutou em rock. Com uma pequena ajuda de alguns amigos. Live at the Greek. Jimmy Page e Black Crowes. EMI. Preço R$ 66,49. Importado (www.studiotan.com.br).

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