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Jeito de conversa no CD de Pagodinho

O músico de Xerém visita o jongo, os sotaques acalangados que floresceram nos muitos morros do Rio, vindos da foz do Paraíba, revela a face mais brilhante e irônica do samba urbano

Por Agencia Estado
Atualização:

Não é casual: o novo disco de Zeca Pagodinho começa com um samba chamado Meu Modo de Ser, assinado por Zé Roberto, cujos primeiros versos dizem: "Chega mais, senta aqui/ Bem juntinho de mim, vamos conversar." E prossegue avisando que ou o interlocutor aceita seu modo de ser, o gosto pelo bar, pela roda de samba, pela conversa vadia, ou nada: adeus. Ele pode cantar isso porque não é fruto de estratégia de marketing de grande gravadora; muito pelo contrário, o mercado rendeu-se à sua extraordinária força criativa, ao canto de alguém que - como diz Caetano Veloso no texto de apresentação do disco enviado para a imprensa - levou a soltura rítmica de Ciro Monteiro para o repertório e o timbre do samba de partido alto, "nas proximidades da chula do recôncavo baiano, de onde gostamos de acreditar que todo o samba tenha vindo". Mas o músico de Xerém faz mais. Visita o jongo, os sotaques acalangados que floresceram, com acentos diversos, nas diferentes comunidades dos muitos morros do Rio de Janeiro, vindos da foz do Paraíba, acrescenta ponto de esperança à trama um tanto perdida do samba-enredo, revela a face mais brilhante e irônica do samba urbano - com Nei Lopes ou Monarco. Quem quiser e puder que cante junto.

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