Jane Monheit: o jazz ganha uma bela diva de 23 anos

Com a voz e a carinha que tem, ela poderia virar uma Jennifer Lopez. Mas escolheu um estilo musical mais sofisticado e seu novo CD, que chega ao Brasil, já ganhou as graças da crítica

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Por Agencia Estado
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Jane Monheit tinha tudo para ser uma Jennifer Lopez ou outra Christina Aguilera da vida. É um pouco mais rechonchudinha, é verdade, tem lábios e olhar igualmente provocantes, rostinho de anjo, simpatia singular. Tudo no lugar certo. Mas um detalhe faz Jane estar a anos luz de qualquer intérprete norte-americana de sua idade: aos 23 anos, a moça já canta como uma diva. Mulher bonita no jazz, embora Diane Krall esteja aí para contrariar a teoria, sempre foi peça rara. Aliás, muitas delas chegavam a ser vistas no métier como aquela modelo que vira atriz: se deu certo, foi mais por seus dotes físicos do que artísticos. Como Diane, Jane quebra outra regra. Nesta semana, chega ao Brasil seu segundo álbum, Come Dream With Me (Abril Music). Assim como o primeiro, Never Never Land, de 2000, o disco cai nas lojas e a cantora sai para o abraço da crítica especializada. "Jane apresenta uma bela face e uma voz maravilhosa. Potente, clara e com um fraseado sofisticado", considera Joanne Kaufman, da People Weekly. "Jane canta como uma cantora com décadas de experiência", manda Don Heckman, do Los Angeles Times. Seu álbum anterior vendeu 60 mil cópias nos Estados Unidos. O número, que poderia deixar uma Janet Jackson em depressão, significa muito quando o assunto é jazz. Never Never Land trazia um time de feras escalado para impulsionar a então novata. Bucky Pizzarelli, Ron Carter e Lewis Nash estavam entre os instrumentistas. Come Dream With Me não gastou tanto com cachês. De estrela, só mesmo o saxofonista Michael Brecker. Mas apresenta uma intérprete de assustadora maturidade vocal. O repertório não é lá nenhuma façanha. Abre com uma enésima versão para o clássico Over the Rainbow, que Jane justifica ter regravado por se tratar da primeira música que cantou na vida. E a sessão baladeira segue com I´m Through With Love, Something to Live For, If e a mais suingada Nobody Else But Me. Por aqui, o que mais deve chamar a atenção é a versão jazzy que fez para Águas de Março (Waters of March), de Antônio Carlos Jobim. "Eu comecei a cantar assim que comecei a falar", costuma dizer Jane. "Sempre fui a aluna com a qual os professores gritavam para parar de improvisar", lembra da época em que estudava na Manhattan School of Music. Entende-se que parte da ensolarada recepção junto à crítica de sua terra se deve ao fato de haver no jazz vocal americano certa carência por renovação. Janet, ninguém discute, é uma jóia. Mas colocá-la já no pedestal de Ella Fitzgerald pode ser um erro. Resta-lhe ainda o teste do repertório mais exigente.

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