Jamiroquai toca todo repertório na terceira visita ao Brasil

Jason Kay gosta de fazer o seu público dançar e promete um show com músicas de todos os discos, sexta-feira, no Credicard Hall

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Por Agencia Estado
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O cantor inglês Jason Kay, de 37 anos, veio da mesma Manchester que os irmãos Gallagher, do Oasis. Como eles, também tem demonstrado uma certa compulsão pela vida em alta velocidade, com seus carrões, mulheres voluptuosas, cigarros estranhos e outras cositas. Mas as semelhanças param por aí: Jay Kay, como é conhecido, prefere Steve Wonder aos Beatles, prefere a música negra ao rock branco de guitarras, e diverte-se mais fazendo dançar do que incendiando corações adolescentes. Com sua banda, Jamiroquai, Jason Kay já veio duas vezes ao Brasil, em 1997, para o Free Jazz Festival, e em 1999, com a turnê de Synkronized. Volta agora com o disco Dynamite, a bordo do projeto Planeta Terra, que já trouxe o Pearl Jam e corteja agora a cantora Lauryn Hill. A banda excursiona com Derrick McKenzie (bateria), Sola Akingbola (percussão), Rob Harris (guitarra), Matt Johnson (teclado), Paul Turner (baixo) e os vocalistas Lorraine McIntosh Hazel Fernandez e Sam Smith. Em novembro, o Jamiroquai lança outro álbum. O nome estranho é uma mistura insólita que o vocalista fez das palavras Jam (reunião musical) e iroquois (uma tribo nativa da América do Norte). O grupo tem 13 anos de carreira e já vendeu 20 milhões de discos. Os ingressos estão esgotados. Há uma semana, Jason Kay falou à reportagem por telefone de Londres - falava ao mesmo tempo em que tentava acalmar seu cão, Lugo, que latia compulsivamente no mesmo recinto. Contou que tem atualmente uma "muito íntima amiga brasileira", mas deu uma sonora gargalhada quando indagado sobre o nome dela. "Isso você não vai saber." Esta é sua terceira vez no Brasil. Já se pode dizer que conhece o País? Jason Kay - Conheço pouco, mas conheço alguma coisa. É um país com diferentes tipos de ritmo, de muita variedade cultural. É muito bom voltar a tocar aí, o público é fantástico, há muita gente cool. Muita gente prefere o Rio, mas tudo depende do que você procura. Brasília, por exemplo, é muito interessante com sua arquitetura extravagante, inusitada, naquela imensidão de terra plana. O Rio é legal, mas São Paulo tem uma efervescência cultural interessante. Você vai centrar o show no seu disco mais recente, "Dynamite"? Não. Vou tocar algo de cada disco. É importante apresentar o material novo, mas o Brasil não é um lugar onde a gente toque sempre. Então, fazemos uma mistura, para satisfazer também quem nunca foi a um show nosso. Muitos críticos dizem que você faz um som bom para festa, mas que nunca traz novidade. É o que dizem? O que posso dizer disso? É preciso paciência. Ir adiante, apesar das opiniões contrárias. O som do Jamiroquai é muito físico, isso é verdade. E o que é novidade, em música? Nós somos uma banda. Não se trata de apresentar um sapato novo a cada estação de desfiles, mas de conciliar a inspiração de cada músico. Não é fácil. Faço o que é preciso para que esses elementos funcionem. Quando vocês estrearam, em 1996, com "Traveling without Moving", os DJs ainda não eram uma realidade comercial. Hoje em dia, muito da vibe dos clubes vem da música feita por DJs. Como vocês, que fazem um som mais orgânico, vêem essa realidade? Não acho que a música orgânica, como você diz, tenha perdido espaço para a eletrônica. Os pioneiros da música eletrônica, aqueles que começaram, em 1978, 1979, eles ainda estão por aí. O reggae, o primeiro gênero a misturar orgânico com eletrônico, sempre esteve por aí. Nós só fizemos três discos mais orgânicos, o resto é totalmente dependente da eletrônica, a batida é sintética, gostamos dos sintetizadores. Eletrônica é algo tremendamente bom, mas devemos saber como usá-la. Você costuma misturar disco music, R&B, jazz, soul, rock, new wave, house, balada e mesmo toques de reggae e música latina. Nessa mistura toda, você não tem um gênero de que gosta mais? Não tenho preferência. Gosto de tudo um pouco. Claro, como ouvinte tenho minhas coisas favoritas. Mas isso também não é todo dia que ouço. Ouvi apenas uma faixa do novo disco de Steve Wonder, não gostei tanto, por exemplo. Não ouvi ali uma garantia de coisas que ele costumava fazer, e das quais gosto mais. Isso acontece, está todo mundo se movendo, olhando para a frente. Muita gente está apontando a seleção da Inglaterra como uma das favoritas para ganhar a Copa do Mundo. O que você pensa? Quer minha opinião honesta? Não acho (que a Inglaterra ganhe). Não estamos emocionalmente maduros para isso. Quero dizer: vejo o sonho do futebol nos olhos de cada garoto aqui na Inglaterra, mas isso talvez demore para se converter numa vontade de vencer. Tivemos isso uma vez, em 1966, e perdemos para aqueles grandes alemães. Mas ainda não está maduro de novo. Você ainda é louco por carros? O que anda dirigindo? Sim, ainda sou louco pela velocidade. Meu carro preferido é um 550 Maranello, mas tenho outros. Com o Maranello, fiz uma viagem entre Roma a Calais (França) em 13 horas. E o que você ouve quando está na estrada? Coisas eternas. Jimi Hendrix, Led Zeppelin, Marvin Gaye. Jamiroquai. Credicard Hall. Av. Nações Unidas, 17.955, Santo Amaro, 6846 - 6000. 6.ª, 22 h. R$ 90 a R$ 130

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