Jamelão canta o samba-canção de Lupicínio

O mais tradicional puxador de samba do Brasil, acompanhado somente por um piano, desfila clássicos do compositor gaúcho como Vingança e Homenagem

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Por Agencia Estado
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Quem só está acostumado a ver o mestre Jamelão no carnaval, cantando os sambas-enredo da Mangueira, vai estranhar o show programado para esta tarde no teatro do Sesc Vila Mariana. Primeiro, em vez da poderosa bateria verde e rosa, haverá apenas um discreto piano (tocado por Anselmo Mazzoni) no acompanhamento; segundo, estará presente uma platéia comportada; terceiro, em vez de defender um animado sambão carnavalesco, o cantor se concentrará em pérolas do sentimental samba-canção, fazendo uma sincera e merecida homenagem ao compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues. É uma ocasião muito especial, pois, atualmente, são muito poucas as oportunidades de se ouvir o repertório de Lupicínio e, ainda por cima, cantado por aquele que o compositor considerava ser seu melhor intérprete. Quando os dois se conheceram, em 1952, ambos passavam por uma fase boa em suas carreiras. Lupicínio vinha sendo gravado com sucesso por cantores como Francisco Alves, Linda Batista e Orlando Silva desde que Cyro Monteiro lançou a ótima Se Acaso Você Chegasse, que, em 1938, projetou seu nome nacionalmente. Jamelão, por sua vez, acabava de assumir o "cargo" de puxador da Mangueira e de consolidar sua carreira profissional, iniciada tardiamente aos 33 anos, tendo já alguns êxitos, como Maior é Deus (de 1949). Havia algo que unia os dois artistas: o gosto pelo samba-canção. Lupicínio encontrou nesse estilo a melhor maneira de expressar os sentimentos extremos que viveu em suas muitas experiências amorosas. Jamelão tinha o samba-canção como uma paixão, mas também como um grande desafio profissional. Acontece que, somente em 1954, quando obteve enorme repercussão com sua gravação de Folha Morta, de Ary Barroso, Jamelão passou a ser incluído entre os grandes intérpretes de música romântica brasileira. O encontro musical entre eles ocorreu em 1959, quando Jamelão estourou com a bela Ela Disse-me Assim, de Lupicínio, a qual, aliás, tirou o compositor de uma fase de pouca atenção e desencadeou uma nova onda de interpretações de suas obras. Depois dessa, Jamelão gravou outras maravilhas do amigo gaúcho, tais como Exemplo (1960) e Torre de Babel (1964), além de um disco só dedicado à obra de Lupicínio chamado Jamelão Interpreta Lupicínio Rodrigues (1972). Esse trabalho de 30 anos atrás, que traz boas releituras de Nervos de Aço, Vingança e Homenagem será a base do show de hoje. Jamelão canta Lupicínio no Teatro do Sesc Vila Mariana (Rua Pelotas, 141, tel.: 5080-3000). Às 15h. Ingressos: de R$ 5 a R$ 10.

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