Jackson gosta do papel de vítima, diz biógrafo

J. Randy Taraborrelli esmiuça a vida do astro pop no livro Michael Jackson - A Magia e a Loucura, que acaba de ser lançado no Brasil

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Por Agencia Estado
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Biógrafo de celebridades, o americano J. Randy Taraborrelli já esmiuçou a vida de Madonna mas foi a trajetória do cantor Michael Jackson que lhe tomou boa parte da vida - como conhece o popstar desde criança, Taraborrelli acostumou-se aos bastidores de uma carreira que marcou o show business. É o que ele conta no livro Michael Jackson - A Magia e a Loucura (688 págs., R$ 62), lançado agora pela editora Globo. Não se trata de uma biografia oficial, mas Taraborrelli detalha os primeiros anos do astro mirim na gravadora Motown, a independência do grupo que formava com os irmãos, o Jackson Five, a história do famoso passo "moonwalk" (a caminhada para trás), a concepção do clássico Thriller e a esperteza ao adquirir os direitos sobre as músicas dos Beatles - idéia que surgiu em uma conversa com o próprio Paul McCartney, que até hoje se arrepende. A narrativa vai até o ano passado, quando Jackson já era acusado judicialmente por Gavin Arvizo, no caso que provocou sua prisão em 2003. E ainda traz detalhes sobre a relação com o garoto Jordie Chandler, que lhe custou US$ 20 milhões para comprar o silêncio da família do menino e evitar o tribunal. Taraborrelli mostra como o cantor se tornou dependente do garoto, a ponto de soluçar no aeroporto, antes de uma turnê, por não suportar ficar longe do novo amigo. Apesar de ser a amizade descrita com mais detalhes, o autor lembra que houve outros meninos como Chandler, a ponto de provocar o estremecimento no casamento com Lisa Marie Presley. O biógrafo não oferece uma resposta definitiva sobre a possível pedofilia do cantor, mas revela detalhes sobre um homem perturbado, como conta na seguinte entrevista por telefone, desde Los Angeles. Você trabalhou durante 30 anos nessa biografia? Sim, foram 30 anos mas claro que não pesquisei todos os dias (risos). Juntei entrevistas que fiz com ele desde pequeno, assim como as conversas com a família e os artigos que escrevi ao longo das décadas. Juntei tudo no livro, que foi reescrito ao longo dos anos. Como acompanhou o recente julgamento, que inocentou Michaek Jackson? Eu estive lá todos os dias, acompanhando o fato para a rede de TV CBS. Ao final, mesmo com a decisão favorável do júri, a reputação de Michael foi atirada ao lixo. E ele terminou uma vez mais como vítima, uma situação a que ele se acostumou e que se tornou desculpa constante em sua vida. Qual seu futuro como artista e como homem? Como homem, assim como artista, ele não vai se livrar dessa experiência. Ou vai influenciar negativamente sua criatividade artística, ou vai impulsioná-lo, como se nada tivesse acontecido, seguindo mais forte em sua carreira, como nunca fora antes. Jackson se expressa melhor pela sua obra que em entrevistas? Sim, e o trabalho que melhor traduz Michael é o álbum History. Ali, ele expressa sua raiva, sua tendência a se tornar vítima. Repito: Michael Jackson vê a si mesmo como vítima e isso é muito claro em History. Ele se vê como vítima de sua infância perdida. Assim, ao invés de consultar um terapeuta como qualquer um faria, Michael preferiu se refugiar nas letras de suas músicas.

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