Ivan Lins disputa Grammy Latino e lança CD no Brasil

Nesta quarta-feira à noite, no show de entrega do Grammy Latino, em Los Angeles, com transmissão direta pela TV, e lança no Brasil Love Songs - A Quem me Faz Feliz

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Por Agencia Estado
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Nesta quarta-feira à noite, no show de entrega do Grammy Latino, em Los Angeles (com transmissão direta pela TV às 22 horas, no SBT), no qual concorre com Jobiniando, na categoria de melhor álbum, o cantor e compositor Ivan Lins mostrará duas músicas, mas estará com a cabeça no Brasil, mais precisamente no lançamento do disco Love Songs - A Quem me Faz Feliz, que acaba de sair pela Abril Music, com seis canções dele e oito que fizeram sua cabeça a partir da adolescência. "Minha música está ficando cada vez mais carioca", comenta Ivan. "Desta vez, acarioquei canções para um disco gostoso de ouvir. Não quero revolucionar nada, só criar música agradável aos ouvidos." A afirmação soa estranha para um carioca da Tijuca, bairro da zona norte do Rio, mas Ivan se explica. "Durante anos pesquisei regionalismos, fui do interior de São Paulo ao Mato Grosso e Nordeste. Só em 1992, morando em Los Angeles, a carioquice aflorou na minha música, embora estivesse lá o tempo todo", conta ele. "Afinal, sou filho musical de Tom Jobim. Só que antes queria cantar como Milton Nascimento ou Joe Cocker, Dave Clayton-Thomas (do grupo Blood, Sweat & Tears, sucesso dos anos 70). Agora estou cada vez mais bossanovista." Ao contrário de Jobiniando, o disco anterior com músicas de Tom ou inspiradas nele, em Love Songs Ivan Lins abriu o leque e transformou em bossa nova sucessos antigos. E foi eclético. "A escolha foi afetiva. Gravei o que faz parte da minha história, com os arranjos que gostaria de ouvir, ressalta Ivan. Plus Fort que Nous, que Francis Lai e Pierre Barouh fizeram para Um Homem e uma Mulher, é paixão antiga. Assisti a esse filme umas dez vezes para chorar na cena dessa música." A seleção não foi fácil. Ivan tinha uma lista enorme de canções, mas o produtor do disco, Roberto Menescal, torceu o nariz para algumas. Foi o caso de Love, de John Lennon, uma balada do período pós-beatle, da qual o cantor não abriu mão. "Sempre gostei dessa música e descobri que nela cabem harmonias muito interessantes", explica. Ele só relutou diante de She hit de Charles Aznavour nos anos 60, que voltou às paradas devido ao filme Notting Hill, comédia romântica com Hugh Grant e Julia Roberts. "Sempre a achei meio brega, mas um amigo insistiu para eu prestar atenção. Vi que há uma harmonia não explorada na gravação original e a letra é ótima, fato raro em canções americanas." Insensatez (de Tom e Vinícius) e Só para Ganhar Você (versão de Celso Viáfora para My Cherie Amour, de Steve Wonder) foram as primeiras e orientaram o repertório. Insensatez entrou agora porque sobrou em Jobiniando, e o Wonder é paixão antiga, dos anos 70. "Ele tem umas cinco músicas que adoro, mas esta poderia ter sido feita pelo Menescal. Acho até que o Steve Wonder ouviu Menescal antes de compor", brinca. O bolero Esta Tarde Vi Llover é um clássico de Amando Manzanero, enquanto Ex-Amor, samba de Martinho da Vila, entrou para dar sorte. "Martinho é o meu pé-de-coelho, deu nome a Jobiniando e está sempre do meu lado nos bons momentos. E eu adoro Ex-Amor, dá para brincar muito nos arranjos." Arranjos e harmonias sofisticados são característica de Ivan Lins. Ele garante que tudo sai naturalmente, nunca por virtuosismo. Mas depara-se muitas vezes com o rótulo de difícil. "Almir Chediak veio conversar sobre os meus conceitos harmônicos, para o songbook que faremos no ano que vem. Tentei adivinhar o que ele queria"- conta Ivan -, "pois nunca teci conceitos sobre a minha música. Só sei fazê-la."

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