<i>Pocket Symphony</i>, novo CD do Air, não traz inovações

Disco que sai no País tem sutis variações em cada faixa e influências orientais

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Por Agencia Estado
Atualização:

Baseado na expectativa que gera cada novo trabalho do Air, e para quem tem como parâmetro os arrojos inventivos do início da carreira, Pocket Symphony (EMI) pode não representar grande coisa. Mas embora a faixa de abertura, Space Maker, deixe a má impressão de que se trata de um convencional CD de lounge music (bleargh!), parte do que se segue supera, pela beleza, a decepção inicial. Especula-se que o título vem de uma observação de Brian Wilson, que certa vez referiu-se ao clássico Good Vibrations como uma ?sinfonia de bolso?. É claro que o quinto álbum inteiro do Air não chega aos pés do significado da canção dos Beach Boys, em termos de ousadia, para a história da música pop, mas, vamos lá. Mais acústico do que os outros trabalhos, e um tanto linear, Pocket Symphony tem sutis variações em cada faixa. O diferencial mais evidente vem das influências orientais - que eles já tinham experimentado na faixa final do álbum anterior, Talkie Walkie (2004) - , incorporando tradicionais instrumentos de corda, koto e shamisen, de bela sonoridade. Daí a tendência contemplativa das canções e arranjos, um tanto sombrios. Os vocais de Jarvis Cocker (Pulp) e Neil Hannon (Divine Comedy) também são trunfos alternativos - como na bela Left Bank, cantada pelo primeiro -, que harmonizam muito bem com a introspecção dos timbres de Jean-Benoit Dunckel e Nicolas Godin. O toque de sensualidade penetra canções sussurradas como Once upon a Time (que não ficaria deslocada num álbum do Pet Shop Boys) e Napalm Love, mas nenhuma tem o atrativo de uma Sexy Boy, do sensacional Moon Safari (1998). Enquanto umas remetem à melancolia de Angelo Badalamenti, o trilheiro mais constante dos filmes de David Lynch, noutras o Air garante a manutenção de seu estilo. Sem grandes novidades ou os contrastes que os distinguiram do lugar-comum, a sensação é de (trocadilho tentador) ar parado: faltar abrir outra janela para se renovar. Por tudo o que já realizou o Air merece um desconto e, no caso, manter-se agradável de ouvir, pelo menos já é um bônus.

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