Interpol inicia turnê e recusa comparação com Joy Division

Fogarino, baterista da banda, conta que brigas são constantes e que não sabe como o grupo continua

PUBLICIDADE

Por Marco Bezzi e do Jornal da Tarde
Atualização:

A geração que cresceu ao som de Joy Division, The Cure, Gang of Four e Echo & the Bunnymen entrou e saiu do poder. Pegou carona no hype que inundou a cidade de Nova York, no início dos anos 2000, e hoje já vê sucessores como Clap Your Hands and Say Yeah e Vampire Weekend. Absorvidos num saco de efemeridades, novos grupos como Editors já carregam a alcunha de "o Interpol de Londres". Há uma década, era o próprio Interpol que surgia com nome e sobrenome ligados à sua sonoridade: Joy Division.   Veja também: Ouça 'Obstacle 1', do álbum de estréia do Interpol, 'Turn on the Bright Lights'  'Narc', do segundo álbum do Interpol, 'Antics'    "Essa comparação é patética", deixa claro o baterista do Interpol, Sam Fogarino. Patética, mas recorrente. Desde que colocou seu primeiro disco nas prateleiras (Turn On the Bright Lights), em 2002, a sombra de Ian Curtis e cia. não deixam a banda de Nova York trafegar em paz. Da safra do Strokes, Yeah Yeah Yeahs e The Rapture, o Interpol cravou seu nome na cena com seu som claustrofóbico, frio, levado adiante por um vocalista que cantava em tom monocórdio.   O disco de estréia ganhou o carinho dos críticos e entrou na listas de melhores do ano. Seis anos após experimentar o hype que inundou a cidade, o quarteto vem se apresentar no Brasil pela primeira vez - além de São Paulo, nesta terça-feira, 11, o grupo toca no Rio de Janeiro na quinta e em Belo Horizonte no sábado. Três discos mais velhos, Fogarino tenta explicar as diferenças que o levaram a usar o termo "patético" para a eterna comparação com o Joy Division: "Sempre nos movemos para a frente, mas de maneira devagar. Sonoramente, o último disco (Our Love To Admire, lançado em 2007) é mais claro e bem produzido. Os arranjos de teclado levaram um cuidado especial e a grande diferença é que o Paul (Banks, o vocalista) está muito mais confiante."   Mesmo assim, chama a imprensa de preguiçosa: "Os críticos têm de lavar os ouvidos. No nosso segundo álbum, a primeira faixa abre com um órgão Hammond, é quase uma música gospel, e as pessoas continuaram a nos chamar de filhotes de Joy Division." Quanto às influências, cada um dos integrantes tem a sua. O vocalista Paul é aficionado em hip-hop, enquanto Fogarino elege Pixies, Nick Cave e My Bloody Valentine e seu clássico Loveless como suas grandes fontes de inspiração. "É a mais deliciosa experiência sonora. Nenhuma melodia pode ser mais linda do que as que estão em Loveless. É tão importante como um álbum dos Beatles ou do Velvet Underground", exagera.   Brigas são constantes entre os quatro integrantes. O baterista afirma que não sabe como a banda continua. "É incrível estarmos juntos até agora, pois todos da banda têm personalidades marcantes, cada um gosta de uma coisa. Nunca escutamos música juntos", comenta.   Fica a dica do porquê a banda nunca mandar um cover para o repertório de shows. No Brasil, os shows acomodarão músicas dos três álbuns já lançados (além de Turn On The Bright Lights e os sucessos PDA e Obstacle 1 de 2002, e Our Love To Admire, de 2007, vai contar com músicas de Antics, lançado em 2004). Sobre o País, Fogarino fala o óbvio: boa comida, Mutantes e público apaixonado. Já sobre a cena nova-iorquina que ajudou a criar, tem mais propriedade quando afirma: "Viver em cima de todo aquele hype é complicado, é uma injustiça. Ninguém pediu para ser parte dessa cena de Nova York. Ela sempre esteve lá", explica. "Mas olha, o Yeah Yeah Yeahs, por exemplo, não gosta de sair em turnê. Não cair na estrada é a mesma coisa do que não fazer nada."   "Deixem o Editors em paz"   Hoje, acredita que bandas como Magik Markers e A Place to Bury Strangers terão um tempo maior para mostrar ao que vieram, sem hype e sem comparações estapafúrdias. "Acho ótimo a imprensa não estar em cima desses artistas. Dá a chance deles se desenvolverem. Podem tocar em festas, lugares menores e se desenvolverem como banda."   Quanto ao Editors, banda que segue os "passos" do Interpol, deixa claro: "Gostaria que as pessoas deixassem o Editors em paz. Sofremos isso quando nos comparávamos ao Joy Division. Sei que eles são chamados de o Interpol do Reino Unido, mas nós também éramos chamados de Joy Division dos Estados Unidos".   Interpol. Via Funchal (3 mil lug.). Rua Funchal, 65, Vila Olímpia, telefone 3897-4456. Hoje, 21h30. R$ 100 (pista) a R$ 160

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.